Os lucros do banco, um dos dois maiores do país, caíram para menos de metade em 2024, para 3.309 milhões de meticais (46 milhões de euros), segundo dados do relatório e contas, uma redução de 54% face ao resultado líquido do exercício de 2023, quando atingiu os 7.211 milhões de meticais (100,4 milhões de euros) -- na altura um aumento de 8,2% num ano -, "essencialmente explicada pelos aumentos nas imparidades e provisões".
Inicialmente, a administração do banco propôs distribuir 30% dos lucros de 2024 em dividendos aos acionistas, no total de 992,6 milhões de meticais (13,8 milhões de euros), aplicando o restante em reservas. Contudo, numa adenda ao relatório e contas, é referida a decisão da administração, aprovada pela assembleia-geral em 31 de março, "de não distribuir dividendos aos acionistas".
A proposta, refere-se na adenda, baseou-se no facto de, dias antes da assembleia-geral, a Standard & Poor's (S&P) ter "anunciado um novo 'downgrade' [revisão em baixa] da classificação da dívida soberana de Moçambique, de CCC- para SD (Selective Default)", devido à troca de dívida emitida internamente.
"Considerando os impactos desta medida nos resultados do banco, no capital e no rácio de solvabilidade, o conselho de administração propôs a não distribuição de dividendos para fortalecer a estrutura do capital e preparar o balanço para possíveis impactos", lê-se na adenda, na qual se refere ainda a aplicação de 15% dos resultados líquidos do exercício de 2024 em reservas legais e os restantes 85% em reservas livres.
No relatório e contas, o BIM sublinha que o rácio de solvabilidade aumentou em 2024 devido ao incremento dos fundos próprios, fixando-se em 36,7%, "consideravelmente acima do limite regulamentar de 12%, refletindo a resiliência e solidez financeira do banco".
De acordo com o documento, os ativos totais do banco cresceram no passado 6,1%, para 202 mil milhões de meticais (2.812 milhões de euros), os recursos (depósitos) de clientes aumentaram 7,1%, para 156,8 mil milhões de meticais (2.183 milhões de euros).
Já a imparidade de crédito, líquida de recuperações, fixou-se em 178 milhões de meticais (2,5 milhões de euros), mais 110,4% igualmente face ao ano anterior, uma situação "decorrente da recuperação significativa de créditos em 2023, com impactos na reversão de imparidades", segundo a instituição.
Os capitais próprios do Millennium BIM reduziram 6,3%, para 34,6 mil milhões de meticais (481,8 milhões de euros), "refletindo a queda no resultado de exercício e a distribuição de dividendos sobre os resultados do ano anterior", sublinhou a administração.
O crédito líquido a clientes aumentou 2,2%, para 45.160 milhões de meticais (629 milhões de euros). Do total do crédito concedido pelo banco, 2,80% estava em situação de vencido há mais de 90 dias, uma ligeira redução face ao 2,87% de 2023, e longe dos 7,78% e 7,96% de 2022 e 2021, respetivamente.
O Millennium BIM fechou 2024 com um crescimento de 6,75% no total de clientes, que passaram a ser mais de 2,1 milhões em todo o país, o número de agências permaneceu em 195 e o número de trabalhadores aumentou quase 2%, para 2.625.
O BIM iniciou atividade em outubro de 1995, em resultado de uma parceria estratégica entre o Banco Comercial Português (Millennium BCP) e o Estado Moçambicano.
À data de 31 de dezembro de 2024, contava um capital social de 4.500 milhões de meticais (62,6 milhões de euros), a maioria detido pelo BCP África (grupo Millennium BCP), com uma participação de 66,69%, seguindo-se o Estado de Moçambique (17,12%), o Instituto Nacional de Segurança Social moçambicano (4,95%) e a Empresa Moçambicana de Seguros (4,15%), entre outros acionistas.
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