"O reforço das forças armadas é a nossa prioridade absoluta", declarou Merz aos deputados no parlamento em Berlim, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Merz disse que o reforço do exército alemão, há muito subfinanciado, "é o que se espera o país mais populoso e poderoso da Europa"
"Os nossos amigos e parceiros também o esperam de nós. De facto, estão praticamente a exigi-lo", acrescentou, no primeiro discurso sobre política geral como chefe do Governo de coligação entre conservadores e sociais-democratas.
Merz admitiu que o país precisa urgentemente de melhorar a prontidão operacional e de aumentar os efetivos das forças armadas.
Anunciou, para isso, a criação de "um novo e atrativo serviço militar voluntário".
Referiu também que a lição a tirar da guerra da Rússia contra a Ucrânia é que a força dissuade os agressores, enquanto a fraqueza convida à agressão.
"O nosso objetivo é uma Alemanha e uma Europa tão fortes em conjunto que nunca teremos de usar armas", afirmou, também citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Sobre a guerra, exortou europeus e americanos a rejeitarem uma paz ditada pela Rússia à Ucrânia, que não deve ser submetida a concessões territoriais "contra a sua vontade".
Defendeu ser de "importância vital" que o Ocidente "não se deixe dividir" pelo conflito entre Moscovo e Kiev, e apelou para a "maior unidade possível" entre os parceiros europeus e americanos.
"Aqueles que acreditam que a Rússia ficará satisfeita com uma vitória sobre a Ucrânia ou com a anexação de parte do país estão enganados", alertou.
Merz prometeu uma maior cooperação com os parceiros europeus em matéria de defesa e disse que, para isso, a Alemanha terá de assumir mais responsabilidades no âmbito da NATO e da União Europeia (UE).
"Cumpriremos os nossos compromissos sem 'ses' nem 'mas': no nosso próprio interesse e no interesse desta grande Aliança Atlântica", insistiu.
Merz tem à disposição um quadro jurídico que permite ao país gastar mais em defesa do que nunca, graças a reformas constitucionais aprovadas em março.
As reformas permitiram excluir o limite de endividamento para despesas militares superiores a 1% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, 43 mil milhões de euros (28,3 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
A Alemanha atingiu 2% das despesas com a defesa durante o mandato de Olaf Scholz, o antecessor de Merz, uma percentagem considerada mínima na NATO que o atual líder do Governo alemão se comprometeu a manter.
Merz também disse que a Alemanha "pode voltar a ser uma potência económica" e manifestou-se determinado a colocar o país "de novo na via do crescimento", numa altura em que está cada vez mais mergulhado na crise.
Motor de crescimento da zona euro durante muito tempo, a Alemanha está a sair de dois anos consecutivos de recessão, atrasada em relação aos parceiros europeus, e a estagnação ameaça a primeira economia da Europa até 2025.
"Nunca vivemos um período tão longo sem crescimento económico na história do nosso país", afirmou o chanceler conservador aos deputados.
Merz disse que a economia alemã continua a ser em grande medida competitiva, mas as condições de enquadramento deixaram de o ser.
Prometeu uma mistura de cortes nos impostos, reduções nos preços da energia e cortes nos custos da burocracia para as empresas.
A Alemanha pode "voltar a ser um motor de crescimento", afirmou.
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