Recrutamento, treino e ação "no horizonte". A milícia que a PJ desmontou

O grupo é integrado por "pessoas provenientes de várias partes do país" e inclui elementos que "pertenciam a antigas estruturas de extrema-direita que deixaram de existir", como a Nova Ordem Social, fundada pelo neonazi Mário Machado. PJ destaca "capacidade de fazer algo com alguma projeção, com os meios de que dispunha".

Polícia Judiciária, PJ

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Notícias ao Minuto com Lusa
17/06/2025 14:04 ‧ há 9 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

País

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A Polícia Judiciária (PJ) avançou, esta terça-feira, que o grupo de extrema-direita, ao qual pertenciam seis pessoas detidas pela autoridade no âmbito da operação 'Desarme 3D', estava a "armar-se, a recrutar pessoas e a ter capacidade de treino e tática para uma ação", que ainda não é clara. 

 

A autoridade, note-se, apontou ainda que o desmantelamento desta milícia armada constituiu a maior operação de sempre do género em Portugal, com centenas de munições, armas militares e explosivos apreendidos. 

"Não deixou de ser surpreendente a qualidade e a diversidade daquilo que apreendemos", afirmou Manuela Santos, diretora da Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da PJ, em conferência de imprensa, após a detenção de seis pessoas do Movimento Armilar Lusitano (MAL).

"Percebemos que estavam, de facto, a armar-se, a recrutar pessoas e a ter capacidade de treino e táctica para fazer uma ação que não sabemos qual, mas que provavelmente estaria no seu horizonte", adiantou, voltando a destacar a surpresa de encontrar no grupo esta "capacidade de fazer algo com alguma projeção, com os meios de que dispunham". 

Segundo a responsável, o material apreendido "tem uma origem e está tudo em aberto nesse aspeto", com "novas linhas de investigação".

Manuela Santos não descartou haver "elementos de forças de segurança e forças militares" envolvidos no grupo.

Entre os seis detidos está um elemento da PSP, existindo outros que tinham ligações a grupos de segurança privados, uma informação que já tinha sido conhecida na manhã de hoje.

O grupo é integrado por "pessoas provenientes de várias partes do país" e inclui elementos que "pertenciam a antigas estruturas de extrema-direita que deixaram de existir", como a Nova Ordem Social, fundada pelo neonazi Mário Machado.

Num vídeo distribuído pela PJ estavam livros neonazis, propaganda e impressoras 3D que serviam para fazer armas ou adulterar armas de 'airsoft' de modo a que disparassem munições letais.

As imagens da operação que deteve membros de grupo de extrema-direita

As imagens da operação que deteve membros de grupo de extrema-direita

Operação 'Desarme 3D' resultou na detenção de seis membros do Movimento Armilar Lusitano. Veja o vídeo na galeria abaixo.

Notícias ao Minuto | 12:18 - 17/06/2025

"O enquadramento legal deste material é abrangido pela lei das armas", explicou Manuela Santos.

As buscas realizaram-se na Grande Lisboa, as autoridades acompanharam encontros presenciais, numa investigação que teve início em 2021.

"Não é fácil [investigar], porque é um meio difícil de penetrar. Este tipo de indivíduos está muito alerta" para a ação das autoridades.

Quanto à classificação do grupo, Manuela Santos considerou que o MAL está enquadrado "na lei de combate ao terrorismo" e na "alteração violenta do estado de Direito".

"Não havia para já um plano concreto" para "desencadear uma ação criminosa", explicou a coordenadora da UNCT, mas salientou que o objetivo era "atentar contra as instituições", na linha do que fazem, no plano internacional, outros grupos do género.

A dirigente da PJ recordou a megaoperação das autoridades alemãs que em 2022 desmantelou um grupo que tentava realizar um golpe de Estado.

"São pessoas de muitas proveniências", unidas pela "discriminação em função da identidade de género, da raça, do credo".

Manuela Santos descartou ainda "uma ligação direta" entre este grupo e agressão ao ator da companhia A Barraca.

Já o diretor nacional da PJ, Luís Neves, mostrou-se preocupado com o aumento de casos relacionados com movimentos radicais e violentos de extrema-direita em Portugal.

"Estamos muito preocupados com o crescente desta atividade que não acontece só em território nacional", afirmou  Luís Neves. O dirigente quis estar presente na conferência de imprensa de balanço, "face à relevância da operação, face ao fenómeno" violento associado que atenta contra os "direitos humanos, igualdade, respeito pela diversidade e respeito pela Constituição".

Apontou ainda o responsável que se assiste "a um recrutamento de camadas cada vez mais jovens através da Internet", assentes em "fake news, na desinformação e manipulação". 

Sobre o facto de existir um elemento da PSP entre os detidos, Luís Neves apontou que "nenhuma instituição pode dizer que tem risco zero" e que isso obriga a vigilância, contudo, alertou que não deve contaminar a perceção pública das instituições.

"Não é por existir um elemento ou outro que tenha estes indícios criminais que se possa pôr em causa as duas grandes forças de segurança" que "todos os dias de forma abnegada fazem o seu trabalho", disse.

"O prestígio e a dignidade das pessoas que trabalham nas forças" não podem "ser todos colocados no mesmo saco", acrescentou, recordando que confundir casos isolados com o todo "já aconteceu no passado", numa referência ao antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

"Todos os dias essas mulheres e esses homens procuram aportar segurança ao nosso país", resumiu Luís Neves.

Recorde-se que seis suspeitos de integrar o denominado MAL foram detidos por crimes de infrações relacionadas com grupo e atividades terroristas, discriminação e incitamento ao ódio e à violência e detenção de arma proibida.

Detidos 6 membros do grupo de extrema-direita Movimento Armilar Lusitano

Detidos 6 membros do grupo de extrema-direita Movimento Armilar Lusitano

Em causa está uma investigação desenvolvida pela Unidade Nacional Contra Terrorismo da Polícia Judiciária (PJ). Operação foi denominada 'Desarme 3D'.

Notícias ao Minuto | 08:36 - 17/06/2025

Em comunicado, a PJ adiantou ter desencadeado uma operação para cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão (domiciliárias e não domiciliárias), que culminou na detenção de seis pessoas em flagrante delito.

No âmbito da operação "Desarme 3D" foram apreendidos material explosivo de vários tipos, de várias armas de fogo, algumas das quais produzidas através de tecnologia 3D, várias impressoras 3D, várias dezenas de munições, várias armas brancas, material informático, entre outros elementos de prova.

Os seis detidos serão hoje presentes a tribunal para primeiro interrogatório judicial de arguido detido.

Leia Também: Detidos 6 membros do grupo de extrema-direita Movimento Armilar Lusitano

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