Nas segundas eleições legislativas que Mariana Mortágua vai enfrentar como coordenadora do partido em apenas dois anos de mandato, o roteiro do BE no período oficial de campanha arranca e termina em Setúbal, passando por Lisboa, Santarém, Leiria, Coimbra, Braga, Faro, Aveiro e Porto.
Em declarações à agência Lusa, o diretor de campanha, João Curvêlo, explicou que o BE alterou o perfil das iniciativas com o objetivo de ter um contacto mais direto com os eleitores, apostando desde logo no "porta a porta", uma "novidade na política portuguesa".
"Foram tocadas milhares de campainhas pelo país já, serão ainda mais ao longo das próximas semanas. Os dirigentes, os candidatos do Bloco têm-no feito, a Mariana Mortágua já o fez também, e fará ainda mais durante a campanha", adiantou.
No final de março, o partido distribuiu um guião "porta-a-porta" por todos os militantes que simula eventuais diálogos com possíveis eleitores e inclui argumentos para divulgar as principais bandeiras do BE mas também como responder à polémica dos despedimentos de duas recém-mães, que abalou recentemente o partido.
Joao Curvêlo adiantou ainda que o BE vai evitar eventos como "arruadas, almoços, jantares", argumentando que, no caso das arruadas, "encenam uma ideia de proximidade, mas são, na verdade, desfiles partidários".
O BE vai procurar essa proximidade com o eleitor organizando encontros temáticos, como por exemplo, com trabalhadores por turnos ou cidadãos que sofrem com a crise da habitação.
Outro dos modelos que o partido pretende testar nesta campanha é o de organizar "festas" que misturem "política, expressão artística, cultural e movimentos das cidades", com o objetivo de ir "contra a maré da gentrificação".
Estes momentos estão previstos em Lisboa, Porto e Setúbal, no encerramento de campanha.
Durante a pré-campanha, na qual o BE tentou ir a todos os distritos do país, o partido fez também uma forte aposta nas redes sociais, com vários vídeos que incluem, por exemplo, os três fundadores que são candidatos nestas legislativas: Francisco Louçã (Braga), Fernando Rosas (Leiria) e Luís Fazenda (Aveiro).
A campanha, de acordo com João Curvêlo, será organizada "em torno de três grandes temas": habitação, com a proposta de impor tetos máximos nas rendas, taxação de grandes fortunas, e os direitos dos trabalhadores por turnos, que motivaram o partido a criar uma petição pública que já superou as 20 mil assinaturas.
O primeiro grande momento de campanha, em Setúbal, contará com "camaradagem europeia": os bloquistas vão organizar uma sessão internacional com discursos de Li Andersson da Aliança de Esquerda (Finlândia), Irene Montero do Podemos (Espanha) e Manon Aubry da França Insubmissa, além de Mariana Mortágua.
A estratégia do partido assemelha-se em alguns aspetos à do partido "irmão" alemão Die Linke, que nas legislativas deste ano alcançou cerca de 8,8%, acima dos 4,9% de 2012, e "ressuscitou" após uma sequência de maus resultados eleitorais.
Nas últimas eleições legislativas, em março do ano passado, o BE elegeu cinco deputados, dois por Lisboa (Mariana Mortágua e Fabian Figueiredo), dois pelo Porto (Marisa Matias e José Soeiro) e uma por Setúbal (Joana Mortágua), e foi a quinta força política mais votada com 4,36 % dos votos a nível nacional.
Manteve a representação eleita em 2022, mas ficou longe do seu melhor resultado de sempre, conquistado em 2015 e repetido em 2019: 19 deputados.
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