O projeto de resolução do Chega foi aprovado por unanimidade durante o plenário da Assembleia Regional, na Horta, e pretende uma auditoria aos "contratos e despesas relacionados com a conceção, construção, apetrechamento e funcionamento do hospital modular".
Na apresentação do diploma, a deputada do Chega Olivéria Santos afirmou que a construção do hospital modular está envolto num "processo pouco claro que levanta muitas dúvidas quanto à legalidade" e avisou que "quem não deve, não teme".
"Não foram realizadas consultas ao mercado quer para adjudicação do edifício, quer para aquisição dos equipamentos", afirmou, exigindo um "esclarecimento cabal".
O líder do Chega/Açores, José Pacheco, classificou o modular como uma "porcaria do contentor que está a apodrecer".
No debate, o socialista Carlos Silva também levantou dúvidas sobre a infraestrutura, denunciando derrapagens no tempo de construção e no preço final, que, segundo disse, ronda os 40 milhões de euros (incluindo equipamentos).
Délia Melo (PSD) retorquiu ao lembrar que os equipamentos vão estar ao serviço do Hospital de Ponta Delgada, considerando que o modular foi a "opção mais célere e segura para utentes e profissionais de saúde".
Na mesma linha, o secretário dos Assuntos Parlamentares do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) defendeu a opção pelo hospital modular: "tudo foi feito com seriedade na defesa do interesse dos açorianos", atirou Paulo Estêvão.
O deputado do PAN, Pedro Neves, disse concordar com a auditoria, mas lamentou o "show-off" do Chega ao apresentar a medida num momento em que a comissão de inquérito à recuperação do hospital de Ponta Delgada ainda está a decorrer.
Também o liberal Nuno Barata realçou que o processo do hospital modular "levanta dúvidas a todos", enquanto António Lima (BE) acusou o executivo de "enganar" os açorianos devido aos cuidados de saúde prestados naquela unidade que "estão a anos-luz do que deveriam ser".
O incêndio que deflagrou em 04 de maio de 2024 no Hospital Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, obrigou à deslocalização dos doentes para outras unidades de saúde nos Açores, na Madeira e no continente, tendo o Governo Regional decidido instalar um hospital modular para assegurar os cuidados de saúde até à requalificação do único hospital público da maior ilha açoriana.
Na Assembleia Regional está a decorrer uma comissão de inquérito sobre a recuperação do HDES, após críticas à construção do hospital modular em detrimento de reabertura do serviço de urgência.
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