Peça de teatro cancelada e ator hospitalizado após ataque em Lisboa

O grupo que perpetrou o ataque deixou um papel onde se lia: "Remigração. Portugal aos 'portuguezes'", associado ao grupo ultranacionalista Reconquista.

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Notícias ao Minuto
10/06/2025 22:33 ‧ há 2 dias por Notícias ao Minuto

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O ator Adérito Lopes foi agredido, esta terça-feira, em Lisboa, num ataque que levou ao cancelamento de uma sessão da peça 'Amor é um fogo que arde sem se ver', um espetáculo d'A Barraca no Teatro Cinearte, confirmou a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra. 

 

Em declarações à RTP3, Maria do Céu Guerra disse que o ataque foi perpetrado por "um grupo de pessoas que vinha de uma manifestação no Martim Moniz".

"Eram cerca de 30, começaram por provocar uma atriz, que vinha com uma camisola com uma estrela, e que vinha com 'headphones' e, portanto, nem ouviu o que diziam (...) De repente, tentaram atacar um dos atores. Depois, chegou o Adérito Lopes, que se vinha preparar, uma hora antes do espetáculo, e foi agredido violentamente", contou. 

"Ele não está bem", acrescentou, adiantando ainda que o ator, que ficou com um olho ferido e um grande corte na cara, está no Hospital de São José, onde está a ser submetido a vários exames. 

De acordo com a encenadora e diretora da companhia, na origem do ataque estão "motivações politicas". O grupo deixou um papel onde se lia: "Remigração. Portugal aos 'portuguezes'", associado ao grupo ultranacionalista Reconquista. Gritaram ainda frases como "defende o teu sangue". 

Já à Lusa, a atriz precisou que tudo começou por volta das 20h00, quando estavam os atores a chegar ao Cinearte, no Largo de Santos, e se cruzaram à porta "com um grupo de neonazis com cartazes, programas", com várias frases xenófobas. 

Após o ataque, os suspeitos "fugiram" e pelo menos uma pessoa terá sido detida pela Polícia de Segurança Pública (PSP). O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a força de segurança que recusou, para já, adiantar qualquer informação. 

O espetáculo 'Amor é um fogo que arde sem se ver" teria a última récita, de um conjunto de seis, às 21h00. A entrada era livre e tinha sala cheia. Contudo, acabou por não acontecer. 

Maria do Céu Guerra lembrou também que se assinalam hoje 30 anos do ataque por neonazis que matou Alcindo Monteiro: "30 anos depois, este país ainda não arranjou forma de se defender dos nazis", disse ainda à Lusa.

"É terrível. E tenho aqui o elenco, 14 atores, todos temendo pela sua saída do teatro. E que querem falar, dar a sua opinião, querem dizer o que sentem em relação a isto e à proteção que lhes é merecida", afirmou a atriz. 

 'Amor é um fogo que arde sem se ver' é sobre a vida e obra de Luís Vaz de Camões, no âmbito do quinto centenário do nascimento do poeta. Conta com encenação de Hélder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra.

O elenco da peça é composto por Adérito Lopes, Beatriz Dinis e Silva, Érica Galiza, Gil Filipe, Luís Ilunga, Maria do Céu Guerra, Manuel Petiz, Rita Mendes Nunes, Samuel Moura, Sérgio Moras, Teresa Mello Sampayo, Vasco Lello e Maria Baltazar.

[Notícia atualizada às 23h24]

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