A Ucrânia e os Estados Unidos da América assinaram, na quarta-feira, um acordo para um "fundo de investimento para a reconstrução" do país invadido pela Rússia, após meses de impasse.
O acordo vai providenciar ao Estados Unidos o acesso privilegiado a novos projetos de investimento que permitam desenvolver os recursos naturais da Ucrânia, incluindo o alumínio, grafite, petróleo e gás natural.
O documento foi assinado em Washington após meses de incerteza e tensões entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump.
Em comunicado, o secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, sublinhou que "nenhum Estado ou indivíduo que tenha financiado ou fornecido a máquina de guerra russa poderá beneficiar da reconstrução da Ucrânia".
Já a vice-primeira-ministra e ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, confirmou na rede social X que assinou, em nome de Kyiv, o acordo "entre a Ucrânia e os Estados Unidos para a criação do Fundo de Investimento para a Reconstrução Estados Unidos-Ucrânia".
"Agradeço a todos os que contribuíram para este acordo e ajudaram a torná-lo mais forte. Este documento é suscetível de ser bem-sucedido para ambos os nossos países - Ucrânia e Estados Unidos", adiantou.
Thanks to the leadership and agreements between President Volodymyr Zelenskyy and President Donald Trump, Secretary of the Treasury Scott Bessent and I signed the agreement between Ukraine and the United States to establish the United States–Ukraine Reconstruction Investment… pic.twitter.com/7yf2iqypxL
— Yulia Svyrydenko (@Svyrydenko_Y) May 1, 2025
O que estabelece o acordo?
Apesar de o governo norte-americano não ter divulgado quaisquer detalhes sobre o acordo, uma fonte com conhecimento do processo adiantou ao New York Times que o documento final não inclui garantias explícitas de futura assistência militar ou de segurança à Ucrânia. Outra fonte referiu também que essa reivindicação de Kyiv foi rapidamente rejeitada pelos Estados Unidos.
Já segundo a agência de notícias Associated Press (AP), os EUA pretendem aceder a mais de 20 matérias-primas da Ucrânia consideradas estrategicamente críticas para os seus interesses, incluindo o titânio, utilizado no fabrico de asas de aeronaves e outras indústrias aeroespaciais, e o urânio, que é utilizado na energia nuclear, equipamento médico e armas.
Documento foi assinado após meses de tensão entre Zelensky e Trump
Uma versão anterior do texto devia ter sido assinada durante a visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca, no final de fevereiro, mas a altercação sem precedentes com Trump em direto da Sala Oval precipitou a partida sem assinar o acordo.
Uma nova versão, proposta por Washington em março, foi considerada pelos deputados e pela comunicação social ucranianos muito desfavorável.
No decurso das negociações, esse documento foi transformado numa versão mais aceitável para Kyiv, segundo responsáveis ucranianos. Já na quarta-feira, o secretário do Tesouro norte-americano declarou que os Estados Unidos estavam prontos para assinar o acordo sobre minerais, detalhando que os ucranianos "decidiram [na terça-feira] à noite fazer algumas alterações de última hora".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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