Fonte do Palácio do Eliseu afirmou à AFP que o Presidente francês "reiterará o apoio da França à construção de uma nova Síria, uma Síria livre, estável e soberana que respeite todos os componentes da sociedade síria".
Macron irá pedir ao seu convidado "que garanta que a luta contra a impunidade é uma realidade" e que "os responsáveis pelas atrocidades contra civis" sejam "julgados", acrescentou a mesma fonte.
"A nossa reivindicação é pela proteção de todos os civis, independentemente da sua origem ou religião", garantiu a presidência francesa.
A visita está a ser fortemente criticada pela direita e extrema-direita francesas, devido às ligações passadas de al-Charaa ao terrorismo islâmico.
A líder do partido de extrema-direita União Nacional, Marine Le Pen, manifestou "estupefação e consternação" com a visita, descrevendo o presidente sírio como "um jihadista que se juntou ao Daesh e à Al-Qaeda".
Também o chefe do grupo parlamentar dos republicanos (direita), Laurent Wauquiez, considerou a visita "um erro grave".
Já a líder dos deputados da França Insubmissa (esquerda), Mathilde Panot, saudou a visita como "uma boa ideia", em nome da "imensa esperança que foi suscitada pela queda do regime de Bashar al-Assad".
Al-Charaa chegou ao poder em dezembro do ano passado, após o movimento armado que liderava derrubar o regime liderado por Bashar al-Assad.
Actualmente, luta pelo levantamento de sanções impostas ao anterior regime, que pesam sobre a economia do país, destruída por 14 anos de guerra civil.
Desde que assumiu o poder, a coligação islamita Hayat Tahrir al-Sham (HTS) liderada por Al-Charaa tem tentado assegurar à comunidade internacional que respeita as liberdades e protege as minorias.
O HTS é o antigo braço da Al-Qaeda na Síria e Al-Charaa ainda está sujeito a uma proibição de viagens da ONU, pelo que a França pediu uma exceção para permitir a sua viagem, de acordo com fontes diplomáticas citadas pela AFP.
O Eliseu expressou hoje a sua "preocupação particularmente forte" com "o ressurgimento de confrontos inter-religiosos extremamente violentos" na Síria, particularmente com os "massacres" na costa alauita em março e a "violência contra a comunidade drusa no sul de Damasco" nas últimas semanas.
As dúvidas sobre a capacidade das novas autoridades para controlar alguns dos combatentes extremistas a elas afiliados adensaram-se com os massacres no oeste do país em março, que fizeram 1.700 mortos, a maioria da minoria alauita a que pertencia Bashar al-Assad, e conflitos recentes com elementos da minoria drusa e abusos de migrantes indocumentados.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, defendeu na RTL a receção a Al-Charaa.
"Não dialogar com estas autoridades de transição" "seria irresponsável para com o povo francês e, acima de tudo, seria uma passadeira vermelha para o Daesh", afirmou.
"A luta contra o terrorismo, o controlo dos fluxos migratórios, o controlo do narcotráfico", bem como "o futuro do vizinho Líbano", "tudo isto está a ser travado na Síria", adiantou Barrot.
A França organizou em fevereiro uma conferência sobre a reconstrução da Síria.
A ONG de saúde francesa Mehad alertou na terça-feira para o "agravamento da crise humanitária" e os "cortes maciços no financiamento da ajuda internacional", pedindo à França uma "resposta forte".
Segundo a ONU, 90% dos sírios vivem abaixo do limiar da pobreza.
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