A Líbia, mergulhada no caos desde a queda de Muammar Kadhafi, em 2011, é governada por dois executivos rivais: o GNU, reconhecido pela ONU, sediado em Tripoli (oeste) e liderado por Abdelhamid Dbeibah, e um executivo em Benghazi (leste) controlado pelo marechal Khalifa Haftar e pelos seus filhos.
Os meios de comunicação norte-americanos, incluindo a CNN, noticiaram o regresso iminente de migrantes expulsos dos Estados Unidos para países terceiros, incluindo a Líbia.
Mas o GNU negou hoje categoricamente "qualquer acordo ou coordenação para a receção" destes migrantes, depois das notícias sobre a intenção dos Estados Unidos de deportar migrantes para a Líbia.
Para o executivo de Tripoli, "entidades paralelas, não sujeitas a legitimidade, podem estar envolvidas em acordos que não representam o Estado líbio e não o vinculam legal ou politicamente".
Dbeibah, por sua vez, enfatizou na sua conta na rede social X que a Líbia "recusa ser um destino para migrantes expulsos, independentemente do pretexto" e que "qualquer acordo concluído por partes ilegítimas não representa o Estado líbio e não o vincula política ou moralmente".
"A dignidade humana e a soberania nacional não são negociáveis", acrescentou.
No início de maio, a CNN noticiou que "a administração Trump tem vindo a discutir com a Líbia e o Ruanda a possibilidade de enviar migrantes com antecedentes criminais nos Estados Unidos para estes dois países, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões".
Na mesma semana, um dos filhos de Haftar, o general Saddam Haftar, estava em Washington.
Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do executivo oriental negou formalmente "a existência de qualquer acordo ou entendimento sobre o estabelecimento de migrantes, independentemente da sua nacionalidade, africana, europeia, americana ou outra", segundo um comunicado divulgado hoje.
A Líbia é um país de trânsito para centenas de milhares de migrantes vindos da África Subsariana para tentar a perigosa travessia do Mediterrâneo até à Europa.
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