Nova onda extremista no norte de Moçambique está a atingir cristãos

Uma nova onda de ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique está atingir a comunidade cristã local, com decapitações e outros assassínios, raptos e incêndios de casas e igrejas, denunciou hoje a organização ACN.

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Lusa
08/05/2025 16:08 ‧ há 4 horas por Lusa

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Moçambique

"Os ataques mostram que muitos cristãos estão a sofrer -- várias capelas foram queimadas, assim como as suas casas. Os projectos sociais já não funcionam e as pessoas estão em desespero", afirma o padre passionista Kwiriwi Fonseca, citado numa informação da organização internacional Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, sigla inglesa).

 

Os ataques envolveram pilhagens, incêndios de casas, raptos e "assassinatos seletivos", descreve a ACN, com base em fontes da comunidade cristã no terreno.

"Os atacantes entraram à noite, exigiram dinheiro, balearam civis e incendiaram casas. Aqueles que não tinham condições para pagar corriam o risco de serem raptados. Membros da comunidade relataram resgates exigidos de até 10.000 meticais [140 euros], muitas vezes sob ameaça de morte", refere a organização.

A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, já causaram duas mortes - dois guardas florestais decapitados - e mais de 1.500 deslocações na região.

Segundo a ACN, os ataques têm vindo a intensificar-se nas últimas semanas e provocaram uma nova onda de deslocados internos. Segundo as agências das Nações Unidas cerca de 15.000 fugiram dos seus locais de residência entre final de março a meados de abril no norte de Moçambique.

O padre missionário realçou que a violência continua a fazer parte do quotidiano no norte de Moçambique e que nos últimos dias registaram-se ataques na região de Ancuabe, Cabo Delgado, com os terroristas a deslocarem-se do centro para o norte: "O terrorismo continua... e nós denunciámos esta violência, porque as pessoas não podem continuar a ser punidas desta forma".

"Todos os recém-deslocados mencionaram ter fugido por causa de ataques diretos às suas aldeias, envolvendo pilhagens, incêndios criminosos, raptos e assassinatos seletivos", acrescentou o padre missionário, garantindo, no entanto, que "todos os grupos religiosos estão a sofrer, não apenas os cristãos", e que o apoio da Igreja "é muitas vezes a sua única fonte de ajuda".

Em colaboração com a diocese de Pemba, Cabo Delgado, a ACN refere que prestou ajuda de emergência aos deslocados, "incluindo alimentação a mais de 2.000 famílias" e aconselhamento sobre traumas para vítimas de terrorismo.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

Leia Também: Maior hospital no norte de Moçambique esgotou capacidade

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