"Confirmo que houve uma conversa em que os Estados Unidos manifestaram as suas intenções, mas nada aconteceu, relativamente à expulsão de migrantes para o nosso país", escreveu o vice-Presidente na quarta-feira à noite na rede social X, alguns dias após a publicação de vários artigos na imprensa e discussões nas redes sociais sobre o assunto.
Em Malabo, a capital, o assunto causou agitação entre alguns equato-guineenses, que temem que os migrantes sejam "criminosos".
"Na minha opinião, pode haver um acordo, mas nós escolhemos as pessoas que podemos receber de acordo com o seu perfil", afirmou o vice-Presidente responsável pela defesa e segurança, acrescentando que o país quer evitar "aceitar pessoas com antecedentes criminais'.
Em troca da deportação de migrantes africanos dos Estados Unidos para a Guiné Equatorial, Malabo pediu à administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, para cobrir as suas despesas de alojamento e de subsistência e para investir em atividades locais que lhes permitam reintegrar-se na sociedade, segundo o vice-Presidente.
No final de abril, os Estados Unidos tinham declarado que estavam "ativamente" à procura de países dispostos a aceitar cidadãos de países terceiros e assim cumprir a promessa de campanha de Donald Trump de um programa maciço de deportação de imigrantes ilegais.
Segundo o jornal 'online' Radio Macuto, sediado em Espanha e próximo da oposição equato-guineense, "a retórica parece benevolente, mas choca com a realidade nas ruas de Malabo, Bata e outras cidades do país, onde as autoridades lançaram nas últimas semanas uma nova vaga de rusgas e expulsões arbitrárias contra imigrantes subsaarianos, muitos dos quais vivem na Guiné Equatorial há anos".
Nigerianos, camaroneses e chadianos foram detidos sem mandado e recentemente deportados sem piedade.
"É difícil compreender como é que um regime que expulsa do seu território migrantes pobres e sedentários está agora disposto a acolher outros migrantes expulsos dos Estados Unidos", questiona o jornal.
Em meados de abril, Malabo expulsou um grupo de mais de 200 cidadãos camaroneses.
O incidente provocou tensões diplomáticas com Yaoundé, que convocou o embaixador da Guiné Equatorial para lhe comunicar a sua "indignação e desaprovação".
As autoridades da Guiné Equatorial responderam que tinham expulsado do seu território "migrantes ilegais".
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