Em declarações à imprensa japonesa, Ishiba enfatizou a necessidade de Tóquio chegar a um acordo que proteja os interesses nipónicos, algo que o governante considerou ainda não ter sido alcançado, e absteve-se de especificar um prazo concreto para a adoção de um eventual acordo comercial com Washington.
"Até agora, mantivemos conversações francas, negociámos até ao último momento para explorar a possibilidade de um acordo. No entanto, ainda há pontos em que discordamos, pelo que não se chegou a um acordo em termos gerais", explicou o primeiro-ministro japonês durante a conferência de imprensa.
"As negociações são incertas até ao último momento. Tudo se resume a se os interesses nacionais de cada parte se concretizam e, para o Japão, por exemplo, os automóveis são um interesse nacional verdadeiramente importante. Tudo se resume a envidar os máximos esforços para proteger os nossos interesses nacionais", acrescentou Ishiba sobre um ponto-chave das negociações.
Tóquio tem pedido a Washington que isente o Japão de todos os aumentos tarifários implementados pela administração Trump e, especialmente, do aumento de 25% sobre veículos, que eleva a taxa aduaneira aplicada aos veículos japoneses para 27,5%.
As exportações de automóveis são fundamentais para a economia japonesa e têm grande peso no comércio do país asiático com os Estados Unidos, representando cerca de 30% do total.
A parte norte-americana tem-se recusado a rever esta tarifa e o próprio Trump ameaçou aumentá-la ainda mais.
Durante o encontro entre Ishiba e Trump no Canadá, que durou meia hora, estiveram presentes os principais negociadores de ambas as partes: o ministro japonês responsável pela Revitalização Económica, Ryosei Akazawa, e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent.
O Japão é um dos países aos quais os Estados Unidos têm dado tratamento preferencial nessas negociações, que continuam sem resultados após seis rondas de reuniões ministeriais e a cimeira de hoje.
Questionado sobre a possibilidade de vir a ser prorrogado por mais 90 dias a suspensão do que Washington chamou de "tarifas recíprocas", impostas a grande parte dos países e territórios e que, no caso do Japão, é de 14%, o primeiro-ministro japonês disse que não pode confirmar.
Está previsto que a moratória das tarifas expire a 09 de julho. Se entrar em vigor, somado à taxa geral de 10% estabelecida para todas as importações norte-americanas, os produtos oriundos do Japão serão penalizados em 24% à chegada aos mercados norte-americanos.
Ishiba também se recusou a revelar quais são os outros pontos nas negociações, que, segundo a imprensa local, incluem temas como construção naval, compras de armamento, questões cambiais ou o custo do estacionamento de tropas norte-americanas no Japão.
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