O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, Rui Lázaro, considera que o Governo foi "claramente excessivo" e demonstrou "irresponsabilidade" ao ter afirmado, na terça-feira, dia a seguir ao apagão, que tudo tinha corrido "muitíssimo bem" e "sem constrangimentos".
"Sabendo que houve muitos constrangimentos, desde logo nas comunicações, que é uma das áreas mais críticas da emergência, e assumir que não houve consequências nem vítimas é, claramente, excessivo e uma irresponsabilidade", defendeu, esta sexta-feira na RTP, Rui Lázaro.
Depois de o filho da vítima mortal, uma mulher ventilada, de 77 anos, ter afirmado ao mesmo canal de televisão que o médico teve de ir à esquadra mais próxima comunicar o óbito porque o SIRESP não funcionava, Rui Lázaro explicou nunca deveria ser o "médico da VMER a ir à esquadra".
"Uma equipa de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação é o nível mais diferenciado que o INEM consegue garantir. Não faz sentido nenhum estar ocupada numa situação que já não tem salvação possível. O médico tem de ficar disponível o mais rápido possível para outra emergência. Temos, no país, 44 viaturas médicas. Se as tivermos ocupadas com burocracias deixam de estar disponíveis para salvar vidas", esclareceu o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar.
O funeral desta vítima mortal, do Cacém, será este sábado.
Recorde-se que, na terça-feira, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, garantiu que "correu tudo muitíssimo bem. Sem constrangimentos" e que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem uma "grande resiliência", dando "uma resposta muito eficaz e muito eficiente a todos os desafios".
No entanto, o Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira que ordenou uma averiguação das circunstâncias da morte.
O caso foi avançado pela RTP , na quinta-feira. Na reportagem emitida no canal público, a família relatou que a mulher, que estava ventilada em casa, morreu no dia do apagão, alegando que a morte se deveu à falta de energia.
No comunicado divulgado esta tarde, o INEM observa ainda que "deu resposta a 4.576 pedidos de ajuda em todo o território continental" e que apenas tomou conhecimento da morte possivelmente associada ao corte de energia na quinta-feira, na sequência da reportagem da RTP.
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