Em comunicado, a associação salienta que se trata de um "aumento drástico" no número de casos de que teve conhecimento, através das pessoas que tem ajudado, e revela que está a preparar um guia de apoio específico para homens que estão a ser vítimas de extorsão sexual e/ou financeira.
"O objetivo é que os homens compreendam as estratégias de assalto dos perpetradores e também o que podem fazer numa situação destas", explica a associação, segundo a qual este tipo de casos "envolvem duas situações distintas: homens vítimas de extorsão sexual por parte de desconhecidos e extorsão ocorrida no contexto de relações de intimidade".
De acordo com a Quebrar o Silêncio, este aumento no número de casos "é abrupto, mas não surpreendente", já que a associação tem constatado um "padrão recorrente", em que "homens sobreviventes são abordados por outros homens que, assumindo identidades femininas falsas, iniciam conversas com forte teor sexual".
O objetivo, explica, é convencer as vítimas a partilharem imagens ou vídeos íntimos e assim que isso acontece a dinâmica muda e "os agressores revelam a farsa e iniciam uma campanha de intimidação e exigências, pressionando a vítima, num curto espaço de tempo, a ceder às chantagens".
"Em alguns casos, os abusadores podem chegar a contactar familiares, amigos ou colegas das vítimas, aumentando o pânico e a pressão para pagarem (frequentemente através de vouchers ou cartões-brinde, dificultando o rastreio financeiro) ", lê-se no comunicado.
Dá como exemplo o caso de um homem de 24 anos que a associação tem ajudado e que partilhou imagens com alguém que achava ser uma rapariga da sua idade, mas que veio a revelar-se um homem que estava na Nigéria, que começou a ameaçá-lo "com uma campanha agressiva de exposição pública caso não obedecesse".
Há também casos de extorsão em contexto de relações íntimas, como no caso de Manuel (nome fictício), cujo ex-companheiro partilhou fotos com colegas de trabalho e em aplicações de encontros, "anunciando-as como se fossem um convite para ofertas sexuais disponíveis para quem quisesse". Aqui, o objetivo tanto pode ser o reatar da relação como uma retaliação pela separação.
A Quebrar o Silêncio alerta para o "impacto profundamente devastador na vida das vítimas" e refere que muitos homens "relatam uma sensação extrema de falta de controlo, desesperança, vergonha e medo de exposição, uma vez que desconhecem onde e até que ponto as imagens íntimas foram divulgadas".
"Esta angústia pode levar a graves consequências para a saúde mental, incluindo pensamentos suicidas e, em alguns casos, pode levar mesmo ao suicídio", diz a associação.
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