"Vamos reforçar esse nosso papel, na área da capacitação e da formação, e também na agenda 'mulheres, paz e segurança'(MPS), na área médica, na área do ambiente, e também na área das capacidades policias", revelou, em declarações à Lusa, à margem da Conferência Ministerial das Operações de Paz da ONU, em Berlim.
O encontro de dois dias sobre a manutenção da paz constitui um fórum político de alto nível para debater o futuro da manutenção da paz e para os Estados-Membros expressarem e demonstrarem o seu apoio político. É também uma plataforma para as delegações anunciarem compromissos de apoio à eliminação das lacunas nas operações de paz e melhor responderem aos desafios atuais.
"Portugal tem um grande historial na questão da manutenção da paz (...) Temos neste momento, no âmbito da ONU, três contingentes a assegurar essa paz, na República Centro-Africana, no Sudão do Sul e na Colômbia. Temos esse grande investimento que fazemos e vamos mantê-lo", assegurou Álvaro Castello Branco.
Portugal está presente em mais de duas dezenas de países em operações de manutenção da paz. No âmbito da ONU, tem um efetivo de 215 militares na República Centro Africana, pertencentes ao Regimento de Comandos. Na Colômbia estão quatro militares, e no Sudão do Sul seis agentes das forças de segurança.
Além dos meios logísticos, os países que participam nesta Conferência Ministerial de Berlim anunciam também meios financeiros. Questionado sobre a colaboração de Portugal, o secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional avançou apenas que o país cumpre a quotas definidas.
"Pagam-se quotas, contribuições para a ONU, e há muitos países que não cumprem. Nós cumprimos", salientou.
Álvaro Castello Branco aproveitou os dois dias para manter relações bilaterais a propósito da candidatura de Portugal para ser membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o período de 2027-2028.
Portugal está a competir com a Alemanha e a Áustria pelos dois lugares atribuídos ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.
A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições realizar-se-ão durante a 81ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2026.
"Estamos numa posição muito confortável em vários aspetos (...) porque somos dos poucos países que temos as contas em ordem com a ONU. Temos tudo integralmente pago e até pagamos antecipadamente", realçou o secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional.
"Fomos muito bem recebidos, senti uma enorme simpatia pela nossa candidatura, uma enorme disponibilidade para connosco fazer esse caminho (...) Saio daqui extremamente satisfeito", concluiu.
Álvaro Castello Branco descreveu ainda um ambiente de "grande preocupação pela situação internacional" manifestada pelos Estados-Membros durante a conferência.
"Também há uma certa preocupação pela mudança geopolítica de alinhamentos dos parceiros internacionais. Mas existe uma grande expectativa e esperança de que a paz possa ser mantida e que os mesmos conflitos que existam possam ser sanados", reforçou.
De acordo com a página oficial das Nações Unidas, a Conferência Ministerial das Operações de Paz, que termina hoje em Berlim, deverá contribuir para "aumentar a segurança das forças de manutenção da paz destacadas" e para "promover a eficácia global da missão".
Durante o discurso de abertura, António Guterres, secretário-geral da ONU, pediu mais financiamento e apoio político para as missões de paz, num momento em que o mundo regista o maior número de conflitos simultâneos desde que a organização foi fundada, há 80 anos.
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