Na intervenção de encerramento do debate do programa de Governo, no parlamento, Inês Sousa Real ficou sem tempo para indicar o sentido de voto do PAN sobre a moção de rejeição do PCP, mas, à Lusa, a própria confirmou que vai abster-se.
"Para o PAN, este programa é um mau programa de Governo", começou por assinalar a deputada, tecendo críticas um conjunto de áreas que vão desde o ambiente, à proteção ambiental, passando pela habitação, saúde, educação ou imigração.
No que diz respeito ao ambiente, o PAN critica o "aumento de apoios públicos às grandes poluidoras", bem como aquilo que considera ser a insistência do Governo "numa receita de simplificações legislativas que mais não são do que uma carta em branco para a impermeabilização dos solos".
Já na proteção animal, a deputada única afirmou que o Governo PSD/CDS-PP faz promessas "contraditórias" e tem um programa "tão vago e tão poucochinho que permite que sejam dados mais recursos na lei do não abate", enquanto na habitação alertou para os "atrasos gritantes", dando como exemplo o Porta 65.
Por sua vez, na área da saúde alertou para o aumento do número de utentes sem médico de família, enquanto na educação para "à vontade para pôr descoberto uma agenda que quer aumentar as propinas e empurrar os alunos para o endividamento", considerando "inaceitável".
Inês Sousa Real criticou ainda a opção por "subalternizar a cultura num ministério que mais parece uma mixórdia de temáticas", numa alusão ao facto de esta pasta estar agora num ministério conjunto com a Juventude e o Desporto, bem como a decisão do primeiro-ministro de "reduzir a presença feminina no Governo", numa altura em que "os direitos das mulheres estão sob um ataque sem precedentes" e que a violência doméstica "já matou sete pessoas só nos três primeiros meses do ano".
"Num contexto em que a violência está dentro de casa e os crimes de ódio estão à nossa porta, o Governo insiste na ideia de fazer da imigração a fonte de todos os males, seguindo aquilo que é a agenda da extrema-direita", acrescentou, garantindo ainda que o PAN vai fazer uma oposição "construtiva" ao executivo.
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