Romeiros de São Miguel no Inventário do Património Cultural Imaterial

A tradição religiosa dos romeiros de São Miguel, nos Açores, foi inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, destacando a relevância cultural, histórica e identitária das romarias quaresmais, segundo um anúncio publicado hoje em Diário da República.

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Lusa
08/05/2025 15:15 ‧ há 5 horas por Lusa

Cultura

Diário da República

A inscrição foi aprovada pelo instituto público Património Cultural, segundo despacho de 26 de março de 2025, publicado hoje em Diário da República.

 

No documento, é referida a importância dessa manifestação enquanto prática religiosa "identitária da população da ilha de São Miguel", nomeadamente para os vários ranchos de romeiros que existem e que se "estendem a outras ilhas do arquipélago dos Açores".

Neste registo, foram também consideradas "as dinâmicas de que são hoje objeto as romarias quaresmais de São Miguel e os modos em que se processa a sua transmissão intergeracional, com forte presença das comunidades", segundo refere uma nota de imprensa do instituto.

Também denominada de romarias quaresmais - outrora designada por Visita às Casinhas de Nossa Senhora - a manifestação constitui "um fenómeno etnográfico de grande interesse, pela originalidade de certos elementos que lhe são inerentes, bem como pela sua persistência ao longo dos séculos".

O instituto público destaca também "o espírito de união e fraternidade" do percurso dos romeiros nas estradas de São Miguel, uma manifestação que é hoje reconhecida como "um fenómeno ímpar do património cultural e religioso da Região Autónoma dos Açores", que "também já se realiza nas ilhas Terceira, Graciosa e Santa Maria, assim como na diáspora (Canadá e Estados Unidos da América)".

São também de realçar as romarias infantojuvenis realizadas por escolas, com um percurso que dura uma tarde, e as romarias femininas das ilhas de São Miguel e Terceira, que desde 2004 fazem um dia de caminhada.

A inscrição dos romeiros no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial resulta de uma proposta apresentada pelo Movimento de Romeiros de São Miguel, tendo por base uma investigação coordenada por Carmen Ponte, coadjuvada pela associação e com a colaboração do fotógrafo Fernando Resendes.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do grupo coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, sublinhou que a inscrição valoriza essa manifestação religiosa com mais de 500 anos, que se mantém "fortemente implantada" e com "a grande possibilidade de continuar a crescer".

"É uma manifestação muito querida e apreciada por toda a comunidade micaelense, com uma implantação muito forte a nível local e de ilha", sustenta, evidenciando ainda a envolvência social, cultural e pastoral "cada vez mais acentuada" dos romeiros nas várias paróquias.

João Carlos Leite acrescenta que a inscrição constitui "o primeiro passo" para evoluir para uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade.

O responsável realça que se trata de um "movimento intergeracional".

"Na retoma imediatamente a seguir à pandemia houve alguma ausência de jovens nas romarias. Mas, este ano já foi notória uma quantidade razoável de jovens participantes", adiantou, indicando que é intuito do movimento fomentar a manifestação religiosa junto de escolas para que os mais jovens possam "perceber a realidade das romarias" e essa vivência.

As romarias da Quaresma tiveram origem na sequência de terramotos e erupções vulcânicas ocorridos no século XVI na ilha, que arrasaram Vila Franca do Campo e causaram grande destruição na Ribeira Grande.

Trajando um xaile, lenço, bordão e terço, os romeiros de São Miguel fazem um percurso de oração, fé e reflexão, entoando cânticos e rezando, sempre com mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de São Miguel.

Os primeiros ranchos de romeiros de São Miguel partem no fim de semana a seguir à Quarta-feira de Cinzas e os últimos regressam às suas localidades na Quinta-feira Santa.

Durante a semana em que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao por do sol.

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