"Portugal tem uma participação fundamental no mundo global através da arquitetura e das suas possibilidades de transformação social e urbana", disse Dalila Rodrigues, um "papel fundamental" que atribuiu aos arquitetos em Portugal e aos "que trabalham fora de Portugal e para fora de Portugal, tanto no quadro do pensamento e das respostas às problemáticas e aos desafios do mundo contemporâneo, como em termos da prática, do projeto, do desenho expositivo, da docência, da investigação e da edição."
Na intervenção em Veneza, Dalila Rodrigues referiu-se ainda à Trienal de Arquitetura de Lisboa como "um grande fórum internacional que cruza diferentes campos do saber, propondo leituras e respostas" a questões atuais, e à Casa da Arquitetura, em Matosinhos, que "tem permitido uma crescente projeção da Arquitetura Portuguesa", elogiando igualmente "instituições académicas" do setor, de acordo com o texto do discurso divulgado pelo seu gabinete.
A representação oficial de Portugal na Exposição Internacional de Arquitetura -- Bienal de Veneza regressa este ano ao edifício Fondaco Marcello, fronteiro ao Grande Canal, com o projeto "Paraíso. Hoje", composto por um Atlas com 700 imagens do território e uma instalação digital sensível aos movimentos dos visitantes.
O projeto, da autoria dos arquitetos Paula Melâneo, Pedro Bandeira e Luca Martinucci, e dos curadores-adjuntos Catarina Raposo e Nuno Cera, responde ao desafio desta edição da bienal de Veneza - "Intelligens. Natural. Artificial. Collective" -, a pensar nas alterações climáticas e no seu impacto na vida das populações.
Dalila Rodrigues definiu o projeto português como "uma metáfora para pensar a arquitetura na sua relação com o território e o ambiente, mas também a arquitetura como construção cultural de paisagem", numa possível definição do "Paraíso, Hoje".
Pouco mais de um ano após a tomada de posse e a menos de duas semanas de novas eleições legislativas que darão origem a um novo Governo, a atual ministra da Cultura sublinhou ainda a importância do "pensamento crítico enquanto meio estruturante na definição de políticas públicas" para o setor, considerando "fundamental pensar e repensar princípios e fins, interrogar, colocar questões e seguir os caminhos que possam conduzir a respostas [...], quase sempre plurais e sempre provisórias".
Dalila Rodrigues lembrou ainda que "Paraíso, Hoje" foi escolhido, pela primeira vez, sob a sua tutela, a partir de uma primeira fase do concurso aberto, que levou à seleção de três projetos finalistas.
Nesta bienal, a presença portuguesa também será marcada pelo envolvimento do arquiteto João Branco no Pavilhão de Espanha, que tem como tema "Internalidades - Arquiteturas para o Equilíbrio Territorial".
Este pavilhão leva igualmente a marca da empresa portuguesa ArtWorks em dois dos seus projetos: uma estrutura em madeira de Carles Oliver e David Mayol, pensada para reduzir a pegada de carbono, e uma instalação dos curadores Manuel Bouzas e Roi Salgueiro Barrio, que explora o equilíbrio territorial com balanças, molduras e luzes LedNeon.
O Pavilhão do Vaticano tem como comissário o cardeal português Tolentino de Mendonça e, por tema, "Obra Aberta".
A 19.ª Bienal de Veneza de Arquitetura soma 66 representações oficiais de diferentes países. Abre ao público no próximo sábado e encerrará em 23 de novembro de 2025.
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