"[Os sindicatos] conseguiram parar o país por interesse político e tem a ver com o 'timing' em que estamos, em eleições", defendeu Miguel Pinto Luz, em declarações aos jornalistas à margem da cerimónia de entrega de Certificados Energéticos da Medway - Operador Ferroviário de Mercadorias, em Lisboa.
Para o governante, a greve na CP, que, segundo a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), está a ter uma adesão de 100%, "só serve os interesses dos sindicatos" e não os da empresa e dos seus trabalhadores.
"Mas mais importante - e é a mensagem que quero deixar hoje aqui - não serve os portugueses, centenas de milhares de portugueses hoje prejudicados", acrescentou Pinto Luz.
Em resposta, Fectrans exigiu mais ações do que discurso, considerando que "dizer 'é isto ou nada' não é uma posição de negociação". "O ministro em vez de andar a fazer discursos públicos, devia ter, de facto, maleabilidade para discutir e não chegar a uma reunião e dizer 'é isto ou nada', isto não é uma posição de negociação", apontou José Manuel Oliveira.
O ministro das Infraestruturas e Habitação vincou que o Governo "não cede a pressões" e que tentou negociar com os sindicatos, "indo ao limite" do que a lei permite a um executivo em gestão.
"Os sindicatos tiveram uma proposta há dois dias, estivemos até às 23:00, eu próprio a liderar as negociações, [os sindicatos] não quiseram", avançou o ministro, acusando os representantes dos trabalhadores de quererem prejudicar os portugueses e parar o país "de uma forma injusta".
Questionado sobre o eventual reforço de outros meios de transporte, Pinto Luz avançou que se está "a tentar ao máximo" encontrar medidas alternativas, mas "há limites".
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o ministro tinha apelado aos sindicatos da CP para que desconvocassem a greve, que considerou "vazia de objetivos", revelando ter apresentado uma proposta de aumentos salariais no valor de 5,75 milhões de euros, à qual não obteve resposta.
A CP já tinha alertado hoje para a possibilidade de "fortes perturbações na circulação" a partir de quarta-feira, e até 14 de maio, devido a greves convocadas por vários sindicatos, e por não terem sido definidos serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do Conselho Económico Social.
"Independentemente da bondade ou da justiça dos aumentos exigidos, a situação de Governo de gestão, impede que se ultrapasse a barreira de 4,7% de aumento da massa salarial constante em despacho do Governo, bem como ultrapassar o valor definido no Plano de Atividades e Orçamento da CP para 2025", explicou o ministro, na terça-feira.
Pinto Luz lembrou que a CP garante a mobilidade de 700 mil portugueses diariamente que recorrem aos seus serviços.
"Os portugueses estão fartos das greves na CP, querem é ir trabalhar", acrescentou.
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