Quem são os principais candidatos às presidenciais de domingo na Roménia?

Onze candidatos concorrem às eleições presidenciais de domingo na Roménia, após a anulação do escrutínio de novembro passado, marcado por suspeitas de interferência russa e pela exclusão do favorito, Calin Georgescu (extrema-direita).

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© DANIEL MIHAILESCU/AFP via Getty Images

Lusa
30/04/2025 07:36 ‧ há 5 horas por Lusa

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Roménia

Numa decisão inédita, o Tribunal Constitucional deste país da União Europeia e da NATO anulou a primeira volta das eleições presidenciais realizadas em novembro, após terem sido desclassificados documentos que confirmavam que a campanha de Georgescu foi impulsionada por uma estratégia de interferência ligada a um "ator estatal", identificado pela imprensa romena como a Rússia.

 

Georgescu, até então relativamente desconhecido, venceu este escrutínio de forma surpreendente, com 23% dos votos, quando as sondagens lhe atribuíam cerca de 6%.

A justiça eleitoral impediu a candidatura, nesta repetição da votação, de Calin Georgescu, que foi acusado pelas autoridades de seis crimes, incluindo perturbação à ordem constitucional. As sondagens apontavam para a sua vitória nestas eleições, com mais de 40% das intenções de votos.

Entre os candidatos que avançaram para a repetição das eleições, pelo menos quatro são considerados favoritos à passagem a uma eventual segunda volta, prevista para 18 de maio - caso nenhuma candidatura recolha pelo menos 50% dos votos.

George Simion, o substituto da extrema-direita

Com 38 anos, o líder do partido nacionalista Aliança para a União dos Romenos (AUR) já tinha sido candidato em novembro, quando obteve menos de 14% dos votos, ficando em quarto lugar.

Ao reunir agora o apoio de toda a extrema-direita, graças à transferência parcial de votos do seu antigo rival, Calin Georgescu, poderá agora mais que duplicar os seus resultados, quando as sondagens lhe dão perto de 30% das intenções de voto, ou seja, o primeiro lugar na primeira volta.

Admirador do Presidente norte-americano, Donald Trump, Simion está a ser investigado pelo Ministério Público por incitar à violência, depois de ter dito que queria "esfolar vivos na praça pública" os responsáveis pelo "golpe" que depôs Georgescu.

Embora tenha qualificado o Presidente russo, Vladimir Putin, de "criminoso de guerra", quer reduzir a ajuda aos refugiados ucranianos e opõe-se a qualquer apoio militar a Kiev.

Crítico do que classifica de "políticas absurdas" da União Europeia, defende uma "Europa soberana de nações" e opõe-se aos direitos LGBT+.

Nicusor Dan, o reformador pró-europeu

O presidente da câmara de Bucareste, de 55 anos, decidiu entrar na arena eleitoral após o "choque" de novembro, esperando encarnar o renascimento pró-europeu.

O centrista concorre como independente, com o apoio dos liberais da União para a Salvação da Roménia (USR), terceira maior força política no parlamento, que decidiram retirar o apoio à candidatura presidencial da líder do partido, Elena Lasconi, e redirecioná-lo para Nicusor Dan, que consideram ter mais hipóteses de derrotar Simion numa segunda volta.

Lasconi tinha passado à segunda volta nas eleições de novembro, que não chegou a realizar-se devido à anulação do primeiro ato.

Reeleito em 2024 para dirigir a capital romena, Nicusor Dan, licenciado em Matemática pela Sorbonne, considera que a ascensão da extrema-direita se deve, em grande parte, à rejeição de uma classe política "corrupta" e "arrogante", no poder desde o fim do comunismo.

"Uma Roménia honesta". É com este 'slogan' que Nicusor Dan, um antigo militante contra o desenvolvimento urbano ilegal, pretende ser o homem da "mudança", mantendo o apoio à Ucrânia e ao seu compromisso com a Aliança Atlântica, considerando a NATO como o "melhor escudo" contra a Rússia.

É um reformador, mas não toma posição sobre as questões LGBT+ num contexto hostil na Europa Central e Oriental.

Crin Antonescu, o candidato da continuidade

Representante do 'status quo' para os seus dois principais adversários, Crin Antonescu, um antigo professor de História, de 65 anos, é o candidato dos partidos no poder, cuja imagem foi manchada por anos de governação.

Os sociais-democratas do primeiro-ministro, Marcel Ciolacu, a família liberal do antigo Presidente Klaus Iohannis, e o partido minoritário húngaro esperam que Antonescu se qualifique para a segunda volta.

Crin Antonescu pode apoiar-se nos seus dotes oratórios e na sua experiência política: foi chefe de Estado em exercício, presidente do Senado, ministro.

Foi candidato às eleições presidenciais de 2009, tendo obtido 20% dos votos. Durante os últimos anos, manteve-se afastado da política, uma inatividade que lhe valeu críticas dos seus rivais, antes de ser chamado a intervir.

Apesar de dizer que abomina a "demagogia" e o "populismo", recentemente causou indignação ao afirmar que "executaria traficantes de droga em estádios, como fazem na China", um "desabafo infeliz" do qual mais tarde disse estar arrependido.

Victor Ponta, o "camaleão"

Depois de ter sido afastado do poder em 2015, na sequência de protestos anticorrupção em grande escala que se seguiram à morte de 64 jovens num incêndio numa discoteca, o antigo primeiro-ministro social-democrata Victor Ponta, de 52 anos, insiste que mudou.

Derrotado nas eleições presidenciais de 2014, volta a tentar a sua sorte com um discurso de pendor populista: agora parceiro de golfe do inquilino da Casa Branca, o seu 'slogan' é "A Roménia primeiro".

Um "camaleão político", segundo analistas, Victor Ponta faria bem em fazer de Calin Georgescu o seu primeiro-ministro, pois considera-o vítima de uma cabala judicial.

Algumas sondagens já lhe atribuíram o segundo lugar na primeira volta de domingo, mas recentemente perdeu terreno depois de ter feito declarações sobre as condições em que adquiriu a nacionalidade sérvia e gerou polémica por ter admitido ter sacrificado vilas romenas para evitar inundações na Sérvia em 2014.

Leia Também: Romenos voltam a votar no domingo após presidenciais anuladas

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