Romenos voltam a votar no domingo após presidenciais anuladas

Os 18 milhões de eleitores da Roménia são chamados às urnas no próximo domingo para repetir a primeira volta das eleições presidenciais, depois da anulação inédita pelo Tribunal Constitucional por suspeitas de interferências russas, em novembro passado.

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© Andrei Pungovschi/Getty Images

Lusa
30/04/2025 07:32 ‧ há 6 horas por Lusa

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Roménia

A justiça eleitoral impediu a candidatura, nesta repetição da votação, do vencedor-surpresa da primeira volta, Calin Georgescu (nacionalista), que foi acusado pelas autoridades de seis crimes, incluindo perturbação à ordem constitucional.

 

Eis alguns dados sobre as eleições presidenciais romenas:

Os motivos da anulação da primeira volta

Numa decisão sem precedentes, o Tribunal Constitucional romeno anulou, em 06 de dezembro passado, a primeira volta das eleições presidenciais, realizadas a 24 de novembro, a dois dias da segunda volta.

A justiça baseou-se em informações que alegavam que a Rússia tinha levado a cabo uma campanha em grande escala, com milhares de contas nas redes sociais, para promover Calin Georgescu, até então relativamente desconhecido, em plataformas como o TikTok e o Telegram.

Contra as expectativas e o que indicavam as sondagens, que lhe davam 6% de intenções de voto, Georgescu, considerado pró-Moscovo, emergiu como o principal candidato em 24 de novembro, com 23% dos votos.

A conservadora e pró-europeia Elena Lasconi também passou à segunda volta, com 19%.

O papel do TikTok

A Comissão Europeia lançou uma investigação para determinar se a plataforma chinesa violou as leis da União Europeia, nomeadamente ao não lidar com os riscos para as eleições romenas.

O TikTok, que é usado por cerca de 8,5 milhões de romenos com idade para votar, afirmou em dezembro ter desmantelado redes de influência secretas que visavam os romenos.

Anunciou também ter tomado outras medidas para proteger a integridade das eleições na Roménia, incluindo a expansão da sua equipa de moderadores de conteúdo que falam romeno, a parceria com um grupo local de verificação de factos e ferramentas na aplicação que ligam a informações oficiais sobre as eleições.

Impedimento da candidatura e detenção de Calin Georgescu

Em fevereiro, Calin Georgescu foi acusado formalmente de seis crimes, incluindo a incitação de ações contra a ordem constitucional ou a falsificação de informações sobre os fundos da sua campanha eleitoral.

Dias depois, a Comissão Eleitoral da Roménia rejeitou a sua candidatura às presidenciais de maio, quando o político de extrema-direita liderava as sondagens, com cerca de 40%, motivando protestos dos seus apoiantes, que denunciaram um "golpe de Estado".

Este organismo alegou com a decisão do Tribunal Constitucional do ano passado de cancelar as eleições após alegações de violações eleitorais e de que a Rússia tinha realizado uma campanha 'online' coordenada para promover Georgescu, que concorreu como independente.

O que respondeu a Rússia às acusações da justiça romena e ao afastamento de Georgescu

A presidência russa (Kremlin) negou qualquer influência nas eleições romenas.

"Não interferimos nas eleições de outros países, particularmente na Roménia, nem pretendíamos isso", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

As acusações de que a Rússia tem ligações a Georgescu são "absurdas" e "absolutamente infundadas", afirmou o representante do Presidente Vladimir Putin.

Por outro lado, Moscovo considerou que a nova corrida eleitoral, sem a participação deste candidato, é ilegítima.

Críticas da administração norte-americana

A Casa Branca (presidência norte-americana), chefiada pelo conservador Donald Trump, tem acompanhado o processo eleitoral romeno, com críticas às autoridades de Bucareste.

O vice-presidente norte-americano, JD Vance, e o magnata Elon Musk condenaram a decisão, enquanto um dos filhos do Presidente, Donald Trump Jr., acusou, sem apresentar provas, "Soros e os marxistas" (referindo-se ao empresário e investidor de origem húngara radicado nos Estados Unidos, George Soros) de procurar manipular o resultado das eleições e "negar a vontade do povo".

Recursos e manifestações

Calin Georgescu recorreu para o Supremo Tribunal da anulação da primeira volta das eleições presidenciais, mas a pretensão foi rejeitada. O antigo candidato também apelou para o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), que recusou os argumentos de que a Roménia violou os compromissos internacionais sobre eleições livres, o direito a um julgamento justo e a liberdade de expressão.

O candidato também contestou o impedimento de concorrer junto do Tribunal Constitucional, que manteve a decisão, por unanimidade.

Quantos candidatos concorrem

No total, há 11 candidatos, sendo George Simion (extrema-direita) o mais bem colocado para passar à segunda volta, prevista para 18 de maio, com as sondagens a atribuírem-lhe 30% das intenções de voto.

Simion, 38 anos, do partido Aliança para a União dos Romenos (AUR), é um admirador de Donald Trump e crítico de Bruxelas, além de defender a redução dos apoios à Ucrânia na guerra contra a invasão russa. Nas eleições de novembro, tinha conseguido 14% dos votos, ficando em quarto lugar, mas agora reúne o apoio de toda a extrema-direita.

Numa eventual segunda volta, a confirmarem-se estes resultados, pode defrontar-se com o autarca de Bucareste, Nicusor Dan, centrista e pró-europeu, com o antigo primeiro-ministro populista Victor Ponta, afastado em 2015 após grandes manifestações anti-corrupção, ou com Crin Antonescu, apoiado pela coligação governamental.

Leia Também: Roménia condena "ataque judicial coordenado" a uma semana de eleições

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