A 22 de abril, vários homens armados mataram a tiro 26 pessoas na cidade turística de Pahalgam, na parte de Caxemira administrada pela Índia.
Antes mesmo de qualquer reivindicação, Nova Deli responsabilizou Islamabad pelo atentado, o mais mortífero em mais de 20 anos contra civis nesta região de maioria muçulmana.
O Paquistão negou imediatamente qualquer envolvimento e exigiu a realização de um "inquérito neutro".
As duas potências nucleares estão desde então em pé de guerra: os respetivos Governos multiplicaram as sanções diplomáticas recíprocas e os cidadãos foram convidados a abandonar até terça-feira o território do país vizinho.
Islamabad afirmou esperar um ataque militar de retaliação indiana dentro de dois dias, acrescentando estar pronto para responder.
Os dois adversários partilham mais de 2.900 quilómetros de fronteira terrestre.
Caxemira foi dividida entre a Índia e o Paquistão quando estes se tornaram Estados independentes, em 1947. Mas os dois adversários continuam desde então a reivindicar total soberania sobre a região de maioria muçulmana.
Desde o cessar-fogo que pôs fim à primeira guerra, em 1949, as tropas indianas e paquistanesas têm-se enfrentado ao longo dos 770 quilómetros da "linha de controlo" (LoC) que divide Caxemira em duas, desde os picos nevados dos Himalaias até às planícies férteis do Punjab.
A parte indiana de Caxemira é palco de uma rebelião separatista iniciada em 1989 que já fez dezenas de milhares de mortos entre rebeldes, soldados indianos e civis.
Os dois países acusam-se mutuamente de apoiar grupos armados do outro lado da fronteira.
A Índia - o país mais populoso do mundo, com 1,4 mil milhões de habitantes - e o Paquistão - com 240 milhões - possuem ambos armas nucleares e Forças Armadas poderosas.
As Forças Armadas do Paquistão estão em grande parte equipadas com material militar chinês e também com 'drones' (aeronaves não-tripuladas) turcos.
A Índia é o maior importador de armas do mundo, segundo o Instituto Internacional de Investigação para a Paz, de Estocolmo.
Durante muito tempo, abasteceu-se de armamento junto da Rússia, mas entretanto diversificou os fornecedores, recorrendo aos Estados Unidos, a França e a Israel.
Ambos os países aumentaram as capacidades militares desde o último grande incidente armado entre os dois, em 2019, na sequência de um ataque suicida a uma coluna militar indiana.
Eis o nível das forças, de acordo com as estatísticas do Instituto Internacional para os Estudos Estratégicos (IISS), com sede em Londres:
Paquistão
Efetivos militares: 660.000
Polícia e paramilitares: 291.000
Orçamento da Defesa 2025: 10 mil milhões de dólares (8,79 mil milhões de euros)
Poder nuclear: O Paquistão dispõe de mísseis nucleares terra-terra e ar-terra de curto e médio alcance. Pretende adquirir submarinos com capacidade de lançar ogivas nucleares.
Aviões: 812
Helicópteros: 322
Veículos blindados: 6.137
Peças de artilharia: 4.619
Índia
Efetivos militares: 1.475.000
Polícia e paramilitares: 1.616.000
Orçamento da Defesa 2025: 81 mil milhões de dólares (71,3 mil milhões de euros)
Poder nuclear: Sobretudo mísseis terra-terra de alcance intermédio. Estão atualmente a ser testados mísseis de longo alcance. A existência de mísseis ar-terra com ogivas nucleares não foi confirmada. A Índia está também a desenvolver forças submarinas com capacidade para lançar ogivas nucleares.
Aviões: 1.437
Helicópteros: 995
Veículos blindados: 7.074
Peças de artilharia: 11.225.
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