Classificação de AfD como extremista pode "travar crescimento"

O politólogo Floris Biskamp considerou hoje que a classificação do partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) como extremista de direita retire votos a esta força política, mas deverá "travar o crescimento de novo eleitorado".

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© INA FASSBENDER/AFP via Getty Images

Lusa
05/05/2025 19:20 ‧ há 4 horas por Lusa

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"Nos últimos anos, as autoridades estaduais de várias regiões têm classificado os respetivos ramos da AfD como extremistas. Não parece ter muito efeito no comportamento dos eleitores. Por isso, não espero grandes efeitos também a nível federal", destacou.

 

"Aqueles que simpatizam com o AfD, ou não veem nada de mau no extremismo de direita, ou não aceitam que as agências administrativas tenham autoridade para fazer esse julgamento. No entanto, a categorização poderá travar o crescimento do eleitorado do partido", acrescentou o especialista em política populista de direita da Universidade de Tübingen, em declarações à Lusa.

Na semana passada, o serviço de informações interno alemão classificou a AfD como um movimento comprovadamente extremista de direita. Esta classificação deverá permitir que seja colocado sob forte vigilância.

A ideologia da AfD, que "desvaloriza grupos inteiros da população na Alemanha e mina a sua dignidade humana", "não é compatível com a ordem democrática básica", afirmou o Departamento Federal para a Proteção da Constituição (BfV, na sigla em alemão), ligado ao Ministério do Interior alemão, em comunicado.

"Aproximámo-nos um pouco mais da proibição do partido, mas os obstáculos são ainda muito grandes. O primeiro passo seria o governo e/ou o parlamento alemão apresentarem uma moção para essa proibição. Até à data, todas estas instituições têm hesitado em fazê-lo", sublinhou, apontando um segundo passo.

"Seria o Supremo Tribunal decidir sobre a proibição. O Supremo Tribunal aplicou critérios bastante rigorosos nos últimos casos e não é claro se o AfD cumpre os critérios para uma proibição. Portanto, podemos ter-nos aproximado um pouco mais, mas não estamos muito perto", concluiu.

Floris Biskamp disse acreditar que se a classificação tiver efeitos, estes serão diferentes. O mais imediato passa pela utilização de mais meios para vigiar a AfD. Mas há outros.

"Há uma luta no seio da União conservadora, que junta a CDU e a CSU, sobre se o partido deve ou não cooperar com a AfD. A categorização vai reforçar o lado que luta contra a cooperação", realçou, lembrando que Friedrich Merz deverá assumir o cargo de chanceler esta terça-feira.

"Os organismos públicos de radiodifusão podem agora ter uma base mais forte para não convidar políticos da AfD para programas de entrevistas, por exemplo", apontou, acrescentando que a médio e a longo prazo, os membros ou apoiantes da Alternativa para a Alemanha poderão ser afastados de cargos relevantes no serviço público.

Numa sondagem divulgada no domingo, 48% dos alemães defendem a proibição da AfD.

De acordo com a análise do instituto de sondagens de opinião Insa, que entrevistou 1.000 participantes para o jornal Bild am Soontag, 37% mostraram-se contra a proibição daquele que é hoje o segundo maior partido da Alemanha.

Leia Também: AfD apresenta queixa após ser considerado extremista pelas autoridades

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