Plano europeu de exclusão do gás russo? "Erro muito grave", diz Hungria

O Governo da Hungria, próximo do Kremlin e extremamente dependente da energia russa, criticou hoje o plano da Comissão Europeia para pôr definitivamente termo às importações de gás russo até ao final de 2027.

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Lusa
06/05/2025 17:46 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Depois do fracasso total das sanções contra a Rússia, a Comissão Europeia comete agora outro erro muito grave ao excluir à força, artificial e ideologicamente, as fontes de energia russas", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, num vídeo publicado na rede social Facebook.

 

A Comissão Europeia propôs que a UE deixe de importar gás da Rússia até final de 2027, acabando com novos contratos e com compras imediatas ainda este ano, para deixar de ser dependente de Moscovo.

Em causa está um roteiro da UE para eliminar gradualmente as importações de energia russas, divulgado pelo executivo comunitário, no qual a instituição propõe "a cessação de todas as restantes importações de gás russo até ao final de 2027".

A Comissão Europeia também destaca que "um aspeto crucial é o facto de se impedir a celebração de novos contratos com fornecedores de gás russo - gasodutos e GNL [gás natural liquefeito] - e de se pôr termo aos contratos 'spot' [de entrega imediata] existentes até ao final de 2025".

"Esta medida garantirá que, já no final deste ano, a UE terá reduzido em um terço os restantes fornecimentos de gás russo", sublinhou o executivo comunitário em informação à imprensa em Bruxelas, vincando que o objetivo de tais propostas é "melhorar a transparência, o controlo e a rastreabilidade do gás russo nos mercados" dos 27.

Esta é uma das vertentes do roteiro, com a qual a UE quer "acabar com a dependência da energia russa, pondo termo à importação de gás e petróleo russos e abandonando progressivamente a energia nuclear russa, assegurando simultaneamente a estabilidade do aprovisionamento e dos preços da energia em toda a União", explicou a instituição em comunicado.

No seguimento da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e da crise energética ocorrida logo de seguida, a UE adotou o pacote energético REPowerEU para reduzir o fornecimento energético russo e avançou também com sanções, mas no ano passado a UE assistiu a uma retoma das importações de gás russo.

Dados da instituição dão conta de que as importações de gás (tanto GNL como gasoduto) da Rússia para a UE diminuíram de 45% em 2021 para 19% em 2024, com as projeções a apontarem para uma nova descida para 13% em 2025 devido ao fim do trânsito através da Ucrânia.

Devido à guerra da Ucrânia, a UE avançou com sanções como a proibição das importações de carvão russo para o bloco comunitário e do recarregamento de cargas em portos da União Europeia que transportem GNL da Rússia.

Isso levou a que as importações de petróleo da Rússia também tenham baixado, de 27% no início de 2022 para 3% atualmente.

No que diz respeito ao setor nuclear, as empresas que ainda usam reatores russos têm optado por fornecedores alternativos.

Porém, "apesar dos progressos significativos [...], os fornecimentos russos de gás, petróleo e energia nuclear continuam a fazer parte do cabaz energético da UE", admite a Comissão Europeia, defendendo "ações mais coordenadas" para combater esta "ameaça à segurança".

Em 2024, a UE importou 52 mil milhões de metros cúbicos de gás russo (32 mil milhões de metros cúbicos através de gasodutos e 20 mil milhões de metros cúbicos através de GNL), bem como 13 milhões de toneladas de petróleo bruto e mais de 2.800 toneladas de urânio equivalente enriquecido ou sob a forma de combustível.

O roteiro prevê ainda uma retirada gradual do petróleo e da energia nuclear russos dos mercados da UE, bem como a aposta no GNL, quando atualmente a Noruega e os Estados Unidos são os principais fornecedores ao espaço comunitário.

Em 2024, a UE importou mais de 100 mil milhões de metros cúbicos de GNL e, a partir deste ano, prevê-se que a oferta mundial aumente rapidamente, enquanto a procura de gás deve diminuir.

Leia Também: Ucrânia: Economia continua a resistir à invasão mas precisa de reformas

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