"Isto não é apenas pura corrupção, é também uma grave ameaça à segurança nacional", afirmou Chuck Shumer, num discurso divulgado pelo seu gabinete, que será proferido durante o dia no Senado.
Na véspera, o Presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu com firmeza a decisão de aceitar um Boeing 747 oferecido pela família real do Qatar aos Estados Unidos e avaliado pelos especialistas em 400 milhões de dólares (357 milhões de euros).
O Presidente republicano insistiu que seria "estúpido" recusar tal oferta, que tenciona utilizar como o novo avião presidencial.
Senadores democratas já tinham na segunda-feira condenado o que classificaram como um "claro conflito de interesses", tanto mais que a Constituição dos Estados Unidos proíbe aos governantes a aceitação de presentes "de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro".
"À luz destas notícias profundamente perturbadoras sobre um potencial Air Force One financiado pelo Qatar, e dos relatos de que a Procuradora-Geral aprovou pessoalmente este acordo claramente antiético, anuncio a suspensão de todas as nomeações para o Departamento de Justiça até obtermos mais respostas" sobre o assunto, afirmou o senador nova-iorquino no seu discurso.
Nos Estados Unidos, a Constituição exige que as nomeações de ministros e outros altos responsáveis governamentais sejam confirmadas pelo Senado.
Embora os democratas estejam em minoria no Senado, dispõem de meios legislativos para abrandar consideravelmente o processo.
Após o anúncio deste presente do Qatar, Chuck Schumer apelou a uma unidade especializada do Departamento de Justiça para que "faça o trabalho e divulgue todas as atividades de agentes estrangeiros do Qatar nos Estados Unidos que possam beneficiar o Presidente Trump ou a Trump Organization", a 'holding' familiar do multimilionário republicano.
O líder democrata pediu igualmente que seja totalmente esclarecido o teor do acordo com o Qatar e, em particular, se o emirado será responsável pela instalação dos dispositivos de segurança a bordo.
Na segunda-feira, o senador democrata Chris Murphy já se tinha comprometido a bloquear qualquer futura venda de armas a um "país que tem negócios pessoais diretos com Trump".
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