"O Edan começou a relatar a angústia indescritível e o medo diário de não sobreviver a cada noite, a fome, a falta de água, as péssimas condições sanitárias", disse Yaël Alexander, numa declaração à imprensa em Telavive.
"Mas o som mais aterrador de todos era a guerra que rugia por cima da sua cabeça: explosões ensurdecedoras, o zumbido dos mísseis, os sons de derrocada, destruição e a terra a tremer. Cada momento podia ser o seu último", acrescentou a mãe de Edan Alexander.
Edan, de 21 anos, servia como soldado do exército israelita durante os atentados do Hamas de 07 de outubro de 2023, que fizeram cerca de 1.200 mortos e perto de 250 reféns, segundo o balanço oficial fornecido por Israel.
O jovem era um "soldado solitário", como são conhecidos os jovens que se deslocam sozinhos a Israel para cumprir o serviço militar obrigatório, apesar de a sua família direta não residir no país, e estava estacionado num posto militar perto da fronteira de Gaza nesse dia.
O seu pai, Adi Alexander, afirmou hoje que ter o filho de regresso é "maravihoso" e "um presente divino vê-lo abraçar a Yaël e saber que o seu sofrimento acabou e que a nossa família pode começar a curar-se".
Os pais agradeceram o esforço do Presidente norte-americano, Donald Trump, e pediram a libertação de todos os reféns ainda mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza.
Das 251 pessoas raptadas em Israel durante o ataque do Hamas que desencadeou a guerra há mais de um ano e meio no enclave, 57 continuam detidas em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita.
O Hamas mantém também os restos mortais de um soldado israelita morto durante uma guerra anterior em Gaza, em 2014.
De acordo com o Hospital Ichilov, em Telavive, onde Edan esteve internado após a sua libertação a saúde do jovem é "estável".
"As consequências médicas completas do cativeiro prolongado em condições insuportáveis continuarão a ser avaliadas pelas nossas equipas nos próximos dias", disse Gil Fire, diretor médico do hospital, numa declaração separada à imprensa.
Numa conversa telefónica com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Edan Alexander deixou uma mensagem de confiança.
"Estou bem. Fraco, mas pouco a pouco voltarei a ser o que era antes. É tudo uma questão de tempo", disse Alexander, segundo um comunicado do gabinete de Netanyahu.
O primeiro-ministro israelita também falou com o enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, que chegou a Israel na segunda-feira para assinalar a libertação do soldado, a quem visitou no hospital.
Antes, Witkoff tinha revelado que Alexander tinha falado com Trump ao telefone.
O Hamas insistiu hoje que a libertação de Alexander foi o resultado de "negociações sérias", rejeitando as afirmações de Netanyahu de que estava ligada à "pressão militar" contra a Faixa de Gaza.
"Netanyahu está a enganar o seu povo e não conseguiu obter o regresso dos prisioneiros através da agressão", afirmou.
No domingo à noite, o Hamas tinha anunciado a intenção de libertar o refém, depois de manter conversações indiretas com os Estados Unidos durante vários dias, num gesto destinado a encorajar as conversações para um novo cessar-fogo no enclave.
Após uma trégua de dois meses que permitiu a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos no início do ano, Israel retomou a ofensiva contra o Hamas a 18 de março, afirmando que pretendia forçá-lo a libertar os reféns ainda detidos na Faixa de Gaza.
Depois de semanas de negociações minuciosas, as conversações indiretas entre Israel e o Hamas não produziram até agora qualquer resultado, com as partes a acusarem-se mutuamente de bloquear o processo.
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