Num discurso transmitido em direto pela televisão, Al-Sharaa apontou que o anúncio de Trump, na terça-feira, foi "uma decisão histórica e corajosa, que alivia o sofrimento do povo, contribui para o seu renascimento e estabelece as bases para a estabilidade na região".
"Meus companheiros sírios, ainda temos um longo caminho a percorrer. Hoje, começou um trabalho sério e, com ele, o renascimento da Síria moderna. Juntos, construiremos a Síria rumo ao progresso, à prosperidade, ao conhecimento e ao trabalho", destacou o presidente interino, após o regresso da Arábia Saudita onde se encontrou com Trump
Al-Sharaa manifestou a sua gratidão pelo papel desempenhado pelos líderes árabes na decisão de Washington, de levantar as suas sanções económicas contra a Síria, país em que cerca de 90% da população vive abaixo do limiar da pobreza, segundo a ONU.
Com o fim das sanções, o Presidente sírio pediu ainda a "todos" os investidores estrangeiros, tanto sírios como a sua diáspora, que procurem oportunidades no país, prometendo facilitar as suas transações com uma série de medidas económicas.
Em concreto, afirmou que as autoridades estão empenhadas "em melhorar o clima de investimento, desenvolver legislação económica e proporcionar as facilidades necessárias para que o capital nacional e estrangeiro possa contribuir eficazmente para a reconstrução e o desenvolvimento abrangente".
Trump anunciou o levantamento das sanções à Síria em Riade na terça-feira, depois de conversar com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e depois de o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, também ter feito um pedido semelhante.
A Síria está sobrecarregada por um grande número de sanções internacionais impostas principalmente durante o reinado do deposto Bashar al-Assad, e embora algumas delas tenham sido suspensas nos meses seguintes à sua queda em dezembro passado, a maior parte das sanções dos EUA representaram um grande obstáculo ao desenvolvimento do país árabe.
Espera-se que a sua revogação não só facilite a recuperação económica da Síria, o restabelecimento das relações comerciais e dos investimentos, principalmente dos países ricos do Golfo, como também permita a reconstrução após quase 14 anos de guerra.
"A Síria promete ser uma terra de paz e cooperação, e que será fiel a todos aqueles que a procuraram (...) A partir de hoje, deixará de ser palco de conflitos nem plataforma para interesses estrangeiros, e não permitiremos a divisão da Síria", concluiu Al-Sharaa.
A guerra na Síria, que começou em 2011, fez mais de 500 mil mortos, desalojou vários milhões de pessoas e devastou o país, que estava dividido em várias zonas de influência.
"A Síria é para todos os sírios, de todas as crenças e origens (...) as divisões que nos separaram sempre foram o resultado da interferência estrangeira, e hoje rejeitamos todas elas", continuou, dois meses após os massacres na costa síria, que fizeram mais de 1.700 mortos, a maioria deles alauitas.
Trump defendeu hoje, por sua vez, o início de uma "normalização" das relações com as novas autoridades da Síria, após a sua reunião com Al-Sharaa, no primeiro encontro entre líderes dos dois países num quarto de século.
O encontro de hoje entre Trump e Al-Sharaa representa uma viragem na política dos Estados Unidos, que consideravam o líder do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) um terrorista e anunciaram em dezembro passado que retiravam a recompensa de dez milhões de dólares (cerca de 9,5 milhões de euros) por informações que levassem à sua captura.
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