"Após uma análise e uma avaliação cuidadosas do texto, os Estados Unidos retiram-se deste processo preparatório (...) e não participarão na FfD4 em Sevilha, Espanha", declarou Jonathan Shrier, representante dos Estados Unidos na última reunião preparatória da conferência, que terá lugar entre 29 de junho e 03 de julho.
Este anúncio surge numa altura em que Washington decidiu fazer cortes maciços na sua ajuda externa nos últimos meses.
"Ao longo de todo o processo, os Estados Unidos trabalharam para um documento conciso que pudesse refletir as ambições partilhadas em matéria de financiamento do desenvolvimento, em vez de um [texto] que impõe novas exigências, cria novas estruturas duplicadas e invade a soberania dos Estados-membros. Lamentamos esta oportunidade perdida", acrescentou Shrier.
Na sequência da retirada dos EUA, os Estados-membros da ONU decidiram, por consenso, recomendar que o FfD4 adote o "Acordo de Sevilha", o último compromisso de um texto que tinha sido negociado durante meses.
Sublinhando que os progressos no desenvolvimento humano "não estão no bom caminho", o projeto de declaração reafirma na sua introdução o compromisso de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que visam erradicar a pobreza extrema, combater a fome e promover a igualdade de género até 2030.
Desde o regresso de Donald Trump à Casa Branca, os Estados Unidos têm denunciado claramente os ODS, em particular os relacionados com o género e a luta contra o aquecimento global.
"Já não reafirmamos automaticamente a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", insistiu Jonathan Shrier, deplorando "a utilização do termo género para se referir a distinções entre os sexos".
O presidente da Comissão Europeia manifestou também a oposição dos Estados Unidos à criação de um sistema de financiamento do desenvolvimento que "interfira" com as instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, e a uma convenção da ONU sobre cooperação fiscal, cujas negociações acabam de começar.
Muitos países em desenvolvimento, asfixiados pela dívida, há muito que reclamam uma reforma da arquitetura financeira internacional para facilitar o seu acesso ao financiamento e o seu desenvolvimento.
O projeto de declaração do FfD4 é um passo nesta direção, sublinhando que o sistema financeiro deve "adaptar-se continuamente às realidades de um mundo em mudança".
O documento apela igualmente aos bancos multilaterais de desenvolvimento para que considerem "triplicar" a sua capacidade de empréstimo anual, uma ideia criticada pelos Estados Unidos.
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