Num comunicado de imprensa, o responsável referiu-se às "consequências desastrosas da escalada das hostilidades" nas regiões do Darfur e do Cordofão, "onde em muitos locais há relatos de mortes de civis, violência sexual, raptos e pilhagens".
"Os recentes combates e o risco significativo de uma nova escalada neste conflito já brutal e mortífero suscitam sérias preocupações quanto à proteção da população, num contexto de impunidade generalizada das violações dos direitos humanos", acrescentou.
"Durante demasiado tempo, o mundo testemunhou os horrores sem limites que ocorrem no Sudão e o sofrimento indescritível do seu povo. Os civis devem ser protegidos a todo o custo. As violações e os crimes devem ser investigados de forma exaustiva e os responsáveis devem ser levados à justiça", afirmou Türk.
O alto-comissário citou, em particular, o ataque paramilitar contra a capital da província do Darfur do Norte, Al-Fashir, "após meses de mobilização crescente de combatentes e de recrutamento, incluindo de crianças".
Uma ofensiva anterior contra um campo vizinho de pessoas deslocadas já tinha "conduzido à morte de centenas de civis, à violência sexual generalizada e a uma catástrofe humanitária", recordou.
Türk destacou ainda a situação dos civis "presos" em El-Dibeibat, uma cidade no estado do Cordofão do Sul, onde os beligerantes lutam pelo controlo, e em Obeid, no Cordofão do Norte, uma cidade "alegadamente cercada" por forças paramilitares.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) também hoje fez soar o alarme, sublinhando que milhares de refugiados sudaneses que fogem da guerra estão retidos na fronteira com o Sudão do Sul, depois de o declínio na ajuda humanitária global ter levado à suspensão da deslocação para áreas seguras no Sudão do Sul.
Desde abril de 2023, o Sudão está mergulhado numa guerra civil entre dois generais rivais, que já causou dezenas de milhares de mortos e deslocou 10 milhões de pessoas no país e outros quatro milhões no estrangeiro. Uma situação considerada pelas Nações Unidas como a pior crise humanitária do mundo.
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