O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, voltou a condenar o ataque dos Estados Unidos às "instalações nucleares pacíficas do Irão" e apontou que "a humanidade evoluiu demasiado para deixar que um bully sem leis nos leve à lei da selva", numa referência ao presidente norte-americano, Donald Trump.
O responsável atribuiu a responsabilidade de quaisquer consequências que se possam seguir às ações do chefe de Estado dos Estados Unidos, uma vez que "o Irão tem o direito de se defender".
"O silêncio mergulhará o mundo num nível de perigo e caos sem precedentes", disse, apelando a que os líderes mundiais condenem de forma mais ampla os ataques dos Estados Unidos.
E atirou: "Embora o presidente Trump tenha sido eleito com base numa plataforma para pôr fim ao envolvimento dispendioso dos Estados Unidos em guerras eternas na nossa parte do mundo, traiu não só o Irão, abusando do nosso compromisso com a diplomacia, mas também enganou os seus próprios eleitores."
Araghchi complementou que "a porta das negociações tem de estar sempre aberta", mas ressalvou que "esse não é o caso neste momento". "O meu país tem estado sob ataque, sob agressão, e temos de responder com base no nosso legítimo direito de autodefesa", disse.
"Os Estados Unidos mostraram que não têm respeito pela Carta das Nações Unidas, pela lei internacional e pelas regras da guerra. Não há uma linha vermelha que não tenham ultrapassado e mais perigosa foi a da noite passada, ao atacar infraestruturas nucleares. Não sei quanto espaço resta para a diplomacia", alertou, tendo dado conta de que Teerão está a avaliar os danos.
O ministro disse ainda não estar numa “posição de revelar” as ações do Irão “em resposta” aos ataques dos Estados Unidos. Disse, contudo, que se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin, na manhã de segunda-feira e descreveu, inclusive, a Rússia como um “amigo do Irão”.
"Mesmo nos últimos dois ou três meses em que estivemos a negociar com os Estados Unidos, informámos sempre os nossos amigos russos sobre a última oferta, sobre qualquer progresso ou falta de progresso nas nossas conversações”, disse.
Araghchi confessou que o Irão “nunca confiou nos países do Ocidente” na mesa de negociações e, agora, existem “ainda mais razões para não confiar neles de todo”.
“Esperaremos pela nossa resposta primeiro”, disse, reiterando que o Irão não se encontra numa posição para optar pela diplomacia, pelo menos por agora.
Antes, o ministro já tinha assegurado que os "acontecimentos desta manhã terão consequências eternas", no rescaldo do ataque levado a cabo pelos Estados Unidos contra três instalações nucleares do Irão.
"Os Estados Unidos, membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cometeram uma grave violação da Carta das Nações Unidas, do direito internacional e do Tratado de não proliferação de armas nucleares (TNP) ao atacarem as instalações nucleares pacíficas do Irão", começou por escrever Araghchi, na rede social X (Twitter).
O responsável adiantou que "os acontecimentos desta manhã são ultrajantes e terão consequências eternas".
"Todos e cada um dos membros da ONU devem estar alarmados com este comportamento extremamente perigoso, ilegal e criminoso. De acordo com a Carta das Nações Unidas e as suas disposições que permitem uma resposta legítima em autodefesa, o Irão reserva-se a todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo", rematou.
Leia Também: Rebeldes hutis do Iémen prontos para atacar navios dos EUA