"Os Países Baixos instam o Irão a regressar à mesa das negociações o mais brevemente possível, pois as negociações são o único caminho para uma solução sustentável", disse o primeiro-ministro interino neerlandês, Dick Schoof.
"A redução da tensão é crucial para a estabilidade da região. Instamos o Irão a evitar novas escaladas e a agir com moderação", acrescentou.
O primeiro-ministro neerlandês fez estas declarações após uma reunião do conselho de segurança nacional, que hoje discutiu os mais recentes desenvolvimentos no conflito Israel-Irão, nomeadamente os ataques dos Estados Unidos da América desencadeados no sábado, esta madrugada na Europa, contra instalações nucleares iranianas.
"Há muito tempo que temos sérias preocupações sobre o programa de enriquecimento nuclear do Irão, juntamente com preocupações mais amplas sobre o comportamento do Irão, incluindo ameaças a Israel, apoio a organizações terroristas e remessas de armas para a Rússia", disse Schoof, em conferência de imprensa.
"O Irão nunca deverá tornar-se num Estado com armas nucleares", vincou.
Os ataques americanos não surpreenderam os Países Baixos, disse, por seu lado, o ministro da Defesa neerlandês, Ruben Brekelmans, no programa de televisão "WNL op Zondag".
Segundo o ministro, os Países Baixos não foram oficialmente informados dos ataques, mas previram que pudessem acontecer.
"Não devemos ser ingénuos sobre a natureza do regime iraniano", apelou Brekelmans, referindo-se ao enriquecimento de urânio e às declarações anteriores de Teerão sobre o objetivo de destruir Israel.
Brekelmans também disse que prevê um contra-ataque do Irão ou dos seus aliados, que não afetaria apenas Israel, mas possivelmente também alvos americanos na região.
O ministro da Defesa afirmou que os 150 soldados neerlandês destacados no Iraque, entre o Irão e Israel, estão seguros e devem regressar quando for possível.
O conflito entre Israel e Irão começou na madrugada de 13 de junho, com Telavive a lançar um ataque sem precedentes contra o país persa, alegadamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano para fins militares.
O Irão tem repetidamente negado o desenvolvimento de armas nucleares e reivindica o direito a realizar atividades nucleares pacíficas.
Os ataques de Telavive destruíram infraestruturas nucleares do Irão e assassinaram altos comandos militares e cientistas iranianos que trabalhavam no programa nuclear.
Teerão tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas e várias instalações militares espalhadas pelo país.
Esta noite, os Estados Unidos envolveram-se militarmente no conflito, com recurso a aviões bombardeiros B-2, que, segundo o Pentágono, conseguiram "eliminar" as ambições nucleares do Irão.
Os ataques "terão consequências eternas", garantiu o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmando que Teerão mantém em aberto "todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo".
A Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, apelou ao recuo de "todas as partes" para evitar uma nova escalada no Médio Oriente, enquanto a NATO (Aliança Atlântica) afirmou estar a monitorizar de perto a situação na região.
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