A poucos dias de os 32 países que compõem a NATO se reunirem em Haia, nos Países Baixos, fontes diplomáticas ouvidas pela Lusa indicaram que, após algum ceticismo nos últimos dias -- principalmente por parte de Espanha -, as negociações estão já na fase final.
Fala-se de uma meta de atingir 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) com gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.
Uma das fontes diplomáticas disse à Lusa haver já "luz verde", após, segundo disse, Espanha ter dito que, apesar de não concordar com a meta, não iria bloquear um acordo, possibilitando assim o consenso entre os aliados.
Em termos temporais, prevê-se que a meta seja 2035, com uma revisão em 2030.
Hoje, em Madrid, o Governo espanhol anunciou que tinha chegado a um acordo com a NATO que isenta o país de se comprometer a gastar 5% do PIB em defesa.
Numa declaração institucional, no Palácio de Moncloa, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, garantiu que afetará 2,1% do PIB do país às despesas com a defesa, "nem mais, nem menos", o que lhe permitirá garantir todos os seus compromissos no âmbito da NATO.
Nas vésperas da cimeira de Haia, Sánchez declarou que recusava o novo objetivo proposto aos membros da NATO de aumentarem a despesa com defesa para 5% do PIB, considerando-o "contraproducente" e "incomportável" para a realidade do país.
A posição de Pedro Sánchez foi manifestada numa carta enviada na quarta-feira ao secretário-geral da organização, Mark Rutte.
Os aliados da NATO reúnem-se na próxima terça-feira e quarta-feira em cimeira na cidade neerlandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior.
Esta reunião de líderes e de ministros da NATO servirá para debater os acontecimentos mundiais e o seu impacto na segurança euro-atlântica.
Surge também numa altura em que as tensões no Médio Oriente se intensificam.
Os Estados Unidos bombardearam no sábado três importantes instalações nucleares no Irão, juntando-se à ofensiva militar iniciada por Israel contra o país persa em meados de junho, alegadamente para impedir o avanço do programa nuclear iraniano para fins militares.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou-se hoje preocupado com o risco de grave escalada no Médio Oriente e apelou para a "máxima contenção de todas as partes" e ao regresso às negociações com o objetivo de encontrar uma solução diplomática.
Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.
Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar - abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.
Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.
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