O debate sobre mobilidade em Lisboa e as dificuldades da Carris foi realizado a pedido do Chega, que justificou esse requerimento com a atual situação da empresa, incluindo falhas na prestação do serviço público de transporte, em que a redução da velocidade comercial e o incumprimento dos horários são "uma realidade constante".
Em representação da câmara, a vereadora Sofia Athyde (CDS-PP) realçou o estudo de revisão de um novo plano de rede da Carris, que já não era revisto há mais de 15 anos e que teve início em 2024, e revelou que "todo este trabalho, que foi complexo, já se vai refletir em 2025, principalmente nos principais indicadores da Carris: velocidade, número de passageiros, entre outros".
Foi também criado um grupo de trabalho entre a Câmara Municipal de Lisboa, a EMEL (empresa municipal de estacionamento) e a Carris, para melhorar a velocidade comercial, apontou a vereadora, afirmando que o executivo liderado por PSD/CDS-PP fez "o maior investimento de que há memória em nova frota sustentável" e destacando também a redução significativa do número de acidentes graves.
Relativamente ao trabalho durante o apagão elétrico, Sofia Athyde agradeceu a todos os trabalhadores da Carris pelo esforço e empenho no serviço de transporte público prestado na cidade.
Para o grupo municipal do Chega, "a Carris, nos últimos anos, devido às políticas do PS e, atualmente, do PSD, tem sido alvo de uma gestão errática que tem visto a agudizar a relação com os seus trabalhadores", com a empresa a perder recursos humanos.
Referindo que no final de 2024 havia menos 122 trabalhadores do que em 2021, Bruno Mascarenhas, do Chega, disse que a contratação de novos trabalhadores não suprimiu as necessidades. Nos últimos anos, referiu, entraram "cerca de 30 quadros técnicos ligados ao PSD" e houve "inúmeras demissões desde 2022, que até agora totalizam 240 em 489 saídas de trabalhadores". Além disso, o problema do trabalho extraordinário foi "estrutural" para o funcionamento da Carris.
A este propósito, a IL propôs um conjunto de recomendações em prol da "qualidade e fiabilidade" do serviço da Carris, para responder a "alguns problemas que são estruturais", incluindo "a velocidade média de circulação, que desde 2013, portanto há 12 anos, ou seja, três mandatos, tem vindo sucessivamente a descer".
O liberal Rodrigo Mello Gonçalves referiu que são apontadas como causas o excesso de trânsito, o mau estacionamento, a ocupação indevida das faixas BUS, as obras na cidade e as avarias dos veículos.
A proposta da IL, sobre a qual a AML decidiu, por unanimidade, que descesse à 8.ª Comissão Permanente de Mobilidade e Transportes, sugere o aumento das faixas BUS, reforço da sinalização dessas faixas, maior fiscalização pelo uso indevido das faixas BUS por parte dos condutores, combate ao mau estacionamento e alargamento e melhoria da prioridade semafórica para os transportes públicos.
Luís Newton, do PSD, que defendeu a consensualização da proposta da IL em comissão, disse que é preciso "produzir um resultado num mais curto espaço de tempo", se possível para ter aplicação neste mandato, que termina este ano.
Do PS, Silvino Correia destacou a importância dos transportes públicos para a redução de emissão poluentes e reconheceu problema na Carris, com falhas de "fiabilidade, rapidez e frequência dos autocarros e elétricos", que se devem "em grande parte ao trânsito automóvel excessivo". O partido destacou ainda o problema da escassez de motoristas qualificados.
O socialista destacou o empenho dos trabalhadores da Carris durante o apagão elétrico, agradecimento que foi, depois, subscrito pelos deputados do BE, CDS-PP e MPT.
O BE disse que o apagão tornou o trânsito "absolutamente caótico e também bastante perigoso", mas também revelou alguns dos grandes problemas da mobilidade, em particular "a dependência do carro", enquanto o Livre criticou "a inexistência de uma visão para a mobilidade" por parte da liderança municipal.
O PCP realçou a sua proposta para um diagnóstico da atual rede da Carris para a adequar às necessidades da cidade e o PEV realçou que "uma Carris com tempos de espera prolongados, com autocarros lotados, com percursos demorados, com falta de informação fiável sobre o serviço não serve as pessoas e não serve o propósito de promoção da mobilidade coletiva".
O CDS-PP afirmou que "é difícil criticar-se o executivo em matéria de mobilidade" e lembrou a gratuidade dos transportes públicos para jovens e idosos, a regulação das trotinetes e dos 'tuk-tuk' e o investimento na rede ciclável, assim como o aumento da frota da Carris e aumento salarial dos trabalhadores.
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