Numa intervenção durante o debate do Programa de Governo na Assembleia da República, o deputado socialista Luís Dias assegurou ao executivo que poderá contar com o PS para os desafios da Defesa se este forem enfrentados com uma "postura aberta, séria e leal" e considerou positivo o alinhamento de Portugal com os objetivos da NATO em matéria de investimento em Defesa, mas deixou críticas e pediu mais respostas.
"Concordamos com esta visão. A antecipação para este ano do objetivo dos 2% do PIB para a Defesa vai ao encontro das nossas obrigações com a NATO (...) apesar de em momento algum ter sido frisado durante a campanha ou mesmo no programa eleitoral da AD. Fica a dúvida como pretende o Governo atingir este objetivo já este ano. Sobre isto, nada se refere no documento", disse sobre o programa de Governo.
O deputado Luís Dias disse também esperar que os investimentos em Defesa não passem apenas pela "classificação de despesa corrente já existente" em áreas como a proteção civil ou segurança interna, mas que resulte na "constituição de um plano industrial militar mobilizar do Estado" e mobilização do sistema científico e das pequenas e médias empresas.
"Defendemos a criação de um verdadeiro ecossistema para as indústrias de Defesa nacional. Para que a concretização deste desígnio seja consensual temos desde já de falar com transparência, rigor e sem artifícios contabilísticos", acrescentou.
O socialista apontou também a questão da "sustentabilidade financeira" para conseguir este aumento de despesa em Defesa, considerando essencial assegurar a "manutenção do modelo nacional do Estado social e a criação de um ambiente favorável à indústria nacional de segurança e defesa".
Luís Dias considerou ainda um "mau princípio" que não seja referido no programa de Governo o "conceito estratégico de Defesa Nacional", aprovado no parlamento e que o executivo anterior "tinha em marcha", e defendeu a revisão da lei de programação militar já em 2025 para a adequar "às novas exigências das missões nacionais e internacionais".
"Em suma, estamos perante um programa de Governo que propõe avanços muito superficiais, sem qualquer detalhe, sobre como se propõe o Governo português atingir as metas nele apresentadas. Um programa que aposta no vago e no superficial como se governar fosse um exercício de adivinhação e não um compromisso de responsabilidades", concluiu.
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