Em entrevista à agência Lusa, Paulo Sousa explicou que, quando a atual Mesa tomou posse e olhou para a operação de internacionalização dos jogos sociais, o que encontrou foi "um conjunto significativo de empresas, em vários territórios, onde não havia atividade comercial".
Encontrou ainda "relações litigiosas com os parceiros que tinham sido escolhidos" que resultaram em "processos ao nível do direito do trabalho, fiscal e comercial".
"Na prática, não tínhamos nenhuma atividade comercial normal a ser desenvolvida. Portanto, aquilo que foi o objetivo, e que propusemos à tutela, foi um processo controlado de saída e é isso que estamos a tentar executar", adiantou Paulo Sousa.
De acordo com o provedor, "esse objetivo foi bem claro" quando foi apresentado o plano de reestruturação da Santa Casa ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, acrescentando que mais recentemente foi aprovado "um plano muito detalhado de desinvestimento na área internacional dos jogos".
Paulo Sousa recusou "antecipar valores", justificando que seria "precipitado" e apontando que em determinadas sociedades foi escolhido o caminho negocial.
"O resultado final que vamos ter depende do sucesso dessa negociação e dos valores que vierem a ser encontrados. Há um conjunto de variáveis muito significativo que não podem neste momento ser claramente identificadas", apontou.
Disse, por outro lado, poder garantir que sempre que for identificado um "prejuízo expectável e que for materialmente relevante", a política da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) será "constituir imparidades, provisões, para cobrir totalmente esse prejuízo".
"Não consigo dizer [um valor de prejuízo]. Consigo dizer que estamos a fazer o processo por forma a poder dissolver e, no futuro, liquidar as sociedades em que tínhamos participação", adiantou Paulo Sousa.
Acrescentou que o processo de liquidação já está a decorrer em algumas das participadas, dando como exemplo a Santa Casa Global Moçambique, criada apesar de a Santa Casa deter participações na Só Jogo Moçambique, que gere jogos sociais no país.
"Essa sociedade está em dissolução e há de ser liquidada. Tem um processo faseado, uma vez que para nós isso não fazia sentido para aquilo que era o projeto nesse território", referiu.
De acordo com Paulo Sousa, esse será o caminho a seguir no Brasil, no Peru e em "todas as outras geografias" onde a Santa Casa Global tinha presença.
Disse que há três sociedades "já na fase muito final", mas que ainda "faltam muitas".
"No final, irão restar as sociedades que temos ao nível da exploração dos jogos europeus, nomeadamente do Euromilhões e do EuroDream, ao nível da SLE, uma sociedade que temos com a Française des Jouex, em França, e a Só Jogo, em Moçambique", garantiu o responsável.
Em relação à opção pela internacionalização dos jogos sociais, como forma de diversificação de receitas, Paulo Sousa apontou que houve já muitas experiências que correram mal, em setores de atividades muito distintos, nomeadamente no Brasil, mas admitiu que "tenderia a apostar em mercados onde, por exemplo, os jogos sejam áreas de atividade reguladas".
Referiu que, se algum dia a instituição pensar noutro projeto de internacionalização, "tem de ter competências que têm de ser ajustadas", nomeadamente metodologias de gestão, projetos de expansão ou um modelo de governação corporativa, mas deixou claro que a prioridade agora é "minimizar o prejuízo que existe neste projeto", e concentrar competências nos jogos sociais.
O provedor referiu que é também objetivo desinvestir em áreas como o imobiliário ou as participações, dando como exemplo um investimento numa sociedade do Hospital CUF Belém, de onde nunca tinha sido obtido retorno financeiro.
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