"Sei quem eu quero. O Tagle ou o Zuppi", afirmou o alemão Hans Flick, que tem nome de treinador de futebol mas que prefere selecionar entre os cardeais qual deve ser o novo Papa.
Luis Antonio Tagle e Pietro Parolin estão conotados com uma linha que segue a política de Francisco enquanto Matteo Zuppi é considerado o mais progressista, tendo admitido a abertura da Igreja às mulheres ou o fim do celibato dos sacerdotes.
Há umas semanas, um dos cardeais que hoje foi sujeito a voto de silêncio disse à Lusa que os tempos estão sensíveis.
"As pessoas estão sensíveis e querem um Papa que não desiluda. Sabemos isso. Sabemos o risco de que o escolhido seja apupado", afirmou o cardeal eleitor.
A brasileira Ana Maria também tem os seus 'papabilis' favoritos e promete que só vai aplaudir quem achar que merece.
"Sou divorciada e por isso não posso comungar. O meu filho é homossexual e está impedido de frequentar a Igreja. Conheço padres que vivem com outras mulheres e não podem assumir. Eu não quero uma Igreja assim", desabafa a imigrante brasileira em Roma, que se sente afastada da fé porque a hierarquia assim o impôs.
Apesar disso Ana Maria anda por estes dias, sempre que pode pela Praça de São Pedro, com um pin arco-íris do movimento LGBT na lapela e um terço na mão.
"Rezar ainda não me proibiram", disse.
Se o colégio ainda tem muitos cardeais conservadores e há movimentos mais tradicionais que juntam muitos fiéis, a morte de Francisco trouxe muitos católicos pouco praticantes e mesmo não crentes às cerimónias.
Junto ao Castelo de Santo Angelo, defronte da Basílica de São Pedro, estava o norte-americano Peter Mendel de férias em Roma mas a torcer num Papa que "salve o mundo dos loucos".
"Não precisamos de mais Trumps no mundo. Não precisamos de mais conservadorismo, precisamos de tolerância, de paz. Tudo aquilo que o Papa dizia", afirmou Mendel, que se disse "protestante, mas com uma relação complicada com a religião".
O "Papa Francisco foi o primeiro líder religioso que ouvi a dizer coisas acertadas, coisas que fazem sentido", disse.
Ao longo do pontificado, o jesuíta argentino tentou promover a discussão interna, a partir das bases, sobre que mudanças executar na Igreja.
Temas polémicos como padres casados, o acesso das mulheres ao diaconado permanente, o regressos dos divorciados, o tratamento a dar aos gays e a relação da Igreja com outras religiões são parte dessa discussão interna, que partiu de movimentos de leigos, denominada Processo Sinodal.
Apesar de não ter implementado qualquer mudança, Francisco deu sinais encorajadores aos progressistas, gerando críticas de muitos movimentos conservadores.
O Conclave tem início na quarta-feira, dia 07 de maio e caberá aos 133 cardeais eleitores, com menos de 80 anos, a responsabilidade de escolher o sucessor de Francisco.
Na quarta-feira, será só feita uma votação e depois, todos os dias terão quatro votações. O futuro Papa deverá ter pelo menos dois terços dos boletins contados.
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