Numa carta conjunta publicada na véspera de se reunirem em Kyiv, o presidente de França, Emmanuel Macron, os primeiros-ministros do Reino Unido, Keir Starmer, da Polónia, Donald Tusk, manifestaram, juntamente com o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, o seu apoio "inabalável" à Ucrânia.
"Continuaremos a aumentar o nosso apoio à Ucrânia. Intensificaremos a nossa pressão sobre a máquina de guerra russa até que a Rússia concorde com um cessar-fogo duradouro", refere a declaração conjunta dos quatro líderes.
Esta visita, descrita como "histórica", ocorre quatro dias após a eleição do novo chanceler alemão, que já tinha visitado Paris e Varsóvia na quarta-feira, um dia após a sua tomada de posse.
Em Kyiv, o quarteto deverá, ao lado do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, realizar uma reunião virtual com os outros líderes da coligação de países ocidentais, sobretudo europeus, disponíveis a fornecer "garantias de segurança" à Ucrânia.
De acordo com a declaração, informarão outros países sobre "os progressos feitos para uma futura coligação que reúna forças aéreas, terrestres e marítimas para ajudar a regenerar as forças armadas ucranianas após um possível acordo de paz e para construir confiança na paz futura".
O presidente francês e o primeiro-ministro britânico lideram esta coligação, cujos contornos ainda não são claros, que já se reuniu em Paris e Londres nos últimos meses.
A visita do quarteto a Kyiv segue-se à demonstração de força do presidente russo, Vladimir Putin, que hoje recebeu cerca de 20 líderes estrangeiros em Moscovo, e ao apelo do presidente norte-americano Donald Trump, para que Moscovo aceite um "cessar-fogo incondicional de 30 dias".
Emmanuel Macron, disse hoje que espera "nas próximas horas e dias" um plano conjunto dos Estados Unidos e da Europa para um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, envolvendo "sanções económicas em massa" se for violado.
"Os russos devem dizer que sim. Não três dias para entreter a galeria, por assim dizer, para rodear o 09 de maio e fazer um desfile. Não, 30 dias", declarou Macron ao canal polaco Telewizja Polska.
O líder francês referia-se à trégua unilateral de 72 horas decretada por Vladimir Putin, e recusada por Kyiv, a propósito dos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial, assinalado hoje com um desfile em Moscovo.
"A minha esperança (...) é que nas próximas horas e dias, possamos todos unir-nos para nos comprometermos com um cessar-fogo, dizendo que, se uma das partes o violar, haverá sanções económicas em massa", acrescentou Macron
O Reino Unido, a França e os países do norte da Europa anunciaram hoje que apoiam a proposta de Trump, de um cessar-fogo incondicional de 30 dias na Ucrânia.
Emmanuel Macron mencionou ainda possíveis concessões territoriais assim que o cessar-fogo for consolidado, no âmbito das negociações para uma "paz robusta e duradoura".
"O que é que isto significa? Ou seja, este cessar-fogo visa permitir que russos e ucranianos discutam questões territoriais, as questões mais sensíveis relacionadas com esta ou aquela cidade, centrais nucleares e também garantias de segurança", observou.
A Rússia reivindica a anexação de quatro regiões no sul e leste da Ucrânia que controla parcialmente (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) desde a invasão do país vizinho, iniciada em fevereiro de 2022, e a península da Crimeia, anexada em 2014.
Por sua vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusa ceder qualquer território a Vladimir Putin para pôr fim à guerra, enquanto Washington, que tem vindo a dialogar com os dois países, parece ponderar o reconhecimento de regiões ocupadas por Moscovo.
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