"Estamos a enfrentar o maior número de conflitos desde a fundação das Nações Unidas e um número recorde de pessoas está a fugir e a atravessar fronteiras, em busca de segurança e refúgio", afirmou António Guterres, no início de uma reunião ministerial, em Berlim, para abordar a temática da paz.
Depois de observar um minuto de silêncio pelos 4.400 capacetes azuis (como são conhecidos os elementos que integram as missões de manutenção da paz da ONU) que morreram em serviço, o secretário-geral da organização destacou algumas das áreas onde são necessárias reformas.
Desde logo, é necessário estudar como as missões de paz podem operar de forma mais adaptável, flexível e resiliente e ser adaptadas a cada conflito, observou Guterres, citando, como inspiração, o plano de adaptação recentemente desenvolvido pela Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL).
Em segundo lugar, Guterres levantou a necessidade de estabelecer "regras e processos mais flexíveis" para fazer um bom uso dos "recursos, cada vez mais limitados", disponíveis para estas operações, que exigem contribuições previsíveis e duradouras, tanto financeiras como logísticas.
Isto implica, entre outras coisas, "garantir que os novos mandatos podem ser alcançados com os recursos disponíveis" e são organizados em coordenação com os Estados-membros e o Conselho de Segurança, afirmou.
Por último, Guterres sublinhou que as operações de manutenção da paz não podem ter sucesso sem uma solução política para o conflito em causa, sendo necessário mobilizar um maior apoio internacional para a alcançar.
"Procurar estas soluções políticas exige uma abordagem apropriada para conduzir as nossas operações, o que inclui apoio político unificado dos Estados-membros, uma liderança forte, tropas bem treinadas, equipamento e tecnologia", defendeu.
Os gastos em missões de manutenção da paz representam apenas 0,5% do total das despesas militares, embora estas operações continuem a estar entre as ferramentas mais eficazes e económicas para construir paz e segurança, segundo frisou o secretário-geral da ONU.
"Infelizmente, as operações de manutenção da paz estão a enfrentar graves problemas de liquidez", lamentou o ex-primeiro-ministro português, apelando a todos os Estados-membros para que respeitem as suas obrigações financeiras, pagando as suas contribuições atempadamente e na totalidade.
"Agora, mais do que nunca, o mundo precisa das Nações Unidas", concluiu.
Na quarta-feira, que será o segundo e último dia desta reunião ministerial a decorrer em Berlim, os Estados-membros participantes deverão anunciar novos contributos financeiros para as missões de paz da ONU.
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