Numa entrevista à agência Lusa, o diplomata justificou como legítima a atual ofensiva israelita contra o Irão, argumentando que se trata de "uma operação militar com dois objetivos claros: eliminar o programa nuclear iraniano e neutralizar o seu plano balístico".
"O Irão não é apenas uma ameaça para Israel. É uma ameaça para a Europa. Tem mísseis balísticos apontados à Europa e está a fornecer armas à Rússia, que é uma ameaça direta à segurança europeia", disse Rosenblat.
Para o embaixador, a operação militar israelita surge como resposta a uma escalada de tensão que chegou a um ponto de não retorno.
"Não tínhamos escolha. As ameaças eram iminentes e duplas: a nuclear e a balística. (...) O Irão acelerou nas últimas semanas os seus programas de armamento e já era capaz de produzir 100 mísseis balísticos por mês. Estão prestes a atingir os 300 por mês", argumentou o diplomata.
Rosenblat sublinhou que a ofensiva israelita não é dirigida ao povo iraniano, mas à estrutura militar e tecnológica do regime.
"Estamos a atacar apenas alvos militares. Israel não está em guerra com o povo do Irão. A nossa guerra é contra o seu programa nuclear e contra a sua máquina de guerra", garantiu o diplomata.
Questionado sobre o papel que espera dos países europeus, incluindo Portugal, o diplomata insistiu que espera "que Portugal e os restantes aliados europeus reconheçam o direito de Israel a defender-se". Espera ainda que vejam o Irão como uma ameaça real aos seus próprios interesses".
"Se o inimigo é Israel, por que razão continua o Irão a desenvolver mísseis com capacidade para atingir a Europa? Que interesse têm em construir mísseis com alcance europeu? A resposta está na sua estratégia de desestabilização", denunciou o diplomata.
Sobre a possibilidade de retomar negociações diplomáticas com Teerão, Rosenblat considerou que essa fase já foi ultrapassada.
"Houve tempo para a diplomacia. O Presidente (dos EUA) Donald Trump deu 60 dias para negociações. Esta operação começou no 61.º dia. A diplomacia falhou porque o Irão não cedeu e continuou a avançar no programa nuclear", argumentou o embaixador.
Dizendo ter ouvido uma entrevista do embaixador iraniano em Lisboa, hoje, a uma estação televisiva portuguesa, Rosenblat mostrou-se surpreendido com as declarações que argumentavam que o Irão não quer afetar interesses israelitas e que o regime de Teerão não tem problemas com a comunidade judaica.
"O Irão bombardeou a comunidade judaica em Buenos Aires [em 1994]. Matou 85 pessoas. E mantém cidadãos judeus prisioneiros em Teerão. É esse o Irão que diz não ter problemas com os judeus?", perguntou.
Sobre a posição do Governo português, Rosenblat pediu apoio ao direito de autodefesa.
"Portugal é um país amigo. Esperamos que Portugal esteja com Israel, como estão a França, o Reino Unido e a Alemanha, que já manifestaram apoio ao nosso direito de autodefesa", defendeu o embaixador em Lisboa.
Questionado sobre o papel dos Estados Unidos, Rosenblat afirmou que Israel avisou previamente Washington sobre a operação militar contra o Irão, mas reconheceu que a decisão final de intervenção norte-americana cabe exclusivamente à Casa Branca.
"As decisões dos EUA são tomadas com base nos seus interesses. Mas estamos coordenados. Notificámo-los antes da operação", disse o embaixador.
Também sobre uma eventual intervenção direta dos Estados Unidos, como sugerido por Trump em declarações recentes, o embaixador insistiu que "essa é uma decisão americana".
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