"Em meio aos desafios crescentes da saúde, junta-se a redução significativa e abrupta do financiamento internacional no setor da saúde, cujo impacto já se está mostrando alarmante para o país", referiu Ussene Isse, na intervenção feita durante a reunião bianual do setor para definir e materializar as políticas e estratégias, realizada hoje em Maputo.
Em causa está, nomeadamente, a suspensão, desde janeiro, da ajuda internacional dos Estados Unidos da América a vários países.
"Com efeito, temos o dever moral de prevenir tudo que possa acontecer e que seja inevitável para as nossas populações e aproveito esta oportunidade, mais uma vez, para realçar a questão de termos uma abordagem operacional estratégica única", apelou.
Ussene Isse explicou os impactos destes cortes de financiamento internacional na área da logística, da cadeia de abastecimento de medicamentos, transporte e também nos recursos humanos, pedindo financiamento para o setor da saúde, posição em que foi corroborado pelo representante em Moçambique da Organização Mundial da Saúde (OMS), Severin R. von Xylander, que alertou para os impactos naquela área.
Face aos constrangimentos que o setor enfrenta, o ministro da Saúde sublinhou a necessidade discutir novas formas de financiamento: "Quero aproveitar esta oportunidade para lançar um grande desafio a todos nós, para termos um diálogo nacional sobre o financiamento do setor da saúde. Um plano, um financiamento e um único plano de monitoria. É isto que vai nos nortear a esta decisão que nós teremos que tomar em conjunto".
Para o ministro, os profissionais têm a "clara missão" de não permitir que os moçambicanos sofram com "doenças evitáveis", por falta de um "bom atendimento", de medicamentos e/ou de outros consumíveis hospitalares.
"É neste âmbito que definimos as seguintes prioridades: o fortalecimento da resiliência da cadeia de abastecimento de medicamentos, material médico cirúrgico, reagentes e outros (...), a planificação e financiamento integrados com início no nível distrital e o fortalecimento da gestão de finanças públicas", avançou o responsável da Saúde.
Ussene Isse defendeu ainda a necessidade de reformas no ministério para "focar-se nas prioridades" de Moçambique.
"Temos de trazer algo que beneficie em primeiro lugar os doentes e tudo o que for feito ou sugerido que não vai beneficiar os doentes, não vamos permitir que isso aconteça no Ministério da Saúde, porque os recursos são poucos e temos de fazer muito com o pouco que nós temos", concluiu o ministro.
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