Grupo de cidadãos derrubou tapumes em Carcavelos e marca protesto em Lisboa

Um grupo de cidadãos derrubou tapumes do polémico projeto urbanístico na Quinta dos Ingleses, em protesto contra o "corte massivo de árvores" junto à Praia de Carcavelos, Cascais, e marcou nova concentração na quarta-feira em Lisboa.

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Lusa
29/04/2025 20:09 ‧ há 4 horas por Lusa

País

Carcavelos

Em comunicado, o movimento Alvorada da Floresta revelou que, no domingo, "um grupo de cidadãos revoltados com o corte massivo de árvores na Quinta dos Ingleses, em Carcavelos, derrubou os tapumes do polémico projeto urbanístico" em curso em frente à Avenida Marginal e o protesto terminou "com a chegada da polícia e identificação de um dos participantes".

 

"Mandámos abaixo os tapumes para que as pessoas vejam esta devastação ambiental sem precedentes em Carcavelos Sul e exigimos que a promotora da obra, a Alves Ribeiro SA, se pronuncie publicamente sobre isso", afirmou Miguel Alcides, do movimento, citado na nota.

Nos vários 'graffiti' feitos nos tapumes podia ler-se "A Quinta a Carcavelos", alguns participantes empunhavam cartazes a pedir "Deixem-nos Respirar!" e "Alves Ribeiro, Ambiente Primeiro", enquanto em duas faixas presas ao gradeamento de proteção do passeio se apelava "Abaixo a cerca" e "Não nos podem vedar os olhos".

Os ativistas, estando em curso dois processos judiciais que reclamam a proteção integral do património natural da quinta, exigem que a construtora Alves Ribeiro revele as razões para o "abate intensivo das árvores desde o início das férias da Páscoa", com "impacto irreversível na última mancha verde da orla costeira".

Uma nova petição pública da população, com 4.600 subscritores até ao momento, pede que seja suspenso "de imediato o abate extensivo e indiscriminado de árvores", em "pleno período de nidificação, polinização e florescimento", para que a fauna, flora e arvoredo prestem "os seus bons serviços ecológicos com impacto não só na freguesia, mas na região da grande Lisboa".

Segundo informação da construtora, os trabalhos reiniciados em janeiro incidem no estacionamento de apoio à praia, parque urbano, arruamentos e infraestruturas parciais, o que leva o movimento, tendo em conta que o parque urbano será dos poucos elementos com menor impacto na redução do coberto florestal, a questionar como é que a Alves Ribeiro justifica "os recentes abates em diferentes áreas da quinta?".

Para João Sousa, do Alvorada da Floresta, em declarações à Lusa, a empresa deve explicar o motivo dos cortes, uma vez que "o abate" destas árvores não estava previsto nesta altura do projeto.

O movimento recordou ainda que a Assembleia da República recomendou em 2021 ao Governo que promova "a salvaguarda e a valorização ambiental e patrimonial da Quinta dos Ingleses, garantindo a maximização do espaço de preservação da natureza e dos elementos patrimoniais relevantes".

O parlamento defendeu ainda, em articulação com o município de Cascais, a classificação da Quinta dos Ingleses como "Paisagem protegida de âmbito local", e a aplicação de "mecanismos necessários à sua preservação e à resolução de passivos ambientais".

O Alvorada da Floresta assegura que tem tentado contactar com a construtora, protagonizando diversos bloqueios humanos em entradas do recinto da quinta, mas a Alves Ribeiro tem mantido o silêncio, o que leva o movimento a promover, com a associação SOS Quinta dos Ingleses, um protesto na quarta-feira, junto à sede da empresa, em Entrecampos (Lisboa).

No protesto, adiantou João Sousa, participará também o movimento cívico Seixal + Verde, que contesta outro polémico projeto promovido pela construtora que ameaça o Pinhal das Freiras, considerado o "último pulmão verde" do município da margem sul do Tejo.

Em declarações anteriores à Lusa, o vice-presidente da Câmara de Cascais, Nuno Piteira Lopes (PSD), sublinhou que o Plano de Pormenor da Quinta dos Ingleses vai "permitir a recuperação e construção do maior parque urbano da freguesia de Carcavelos".

"São 12 hectares que vão ser preservados e requalificados. Os cascalenses passarão a contar com mais 12 hectares de espaço verde. Aquilo que se prevê é que, até junho, quer os parques de estacionamento, quer o parque verde urbano estejam concluídos e abertos à população", perspetivou o autarca.

Leia Também: Colisão entre carro e mota condiciona trânsito na Marginal

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