População manifesta-se na aldeia do Meco contra exploração de minério

Cerca de 500 pessoas são esperadas esta terça-feira numa vigília na aldeia do Meco, concelho de Montemor-o-Velho, contra a prospeção de um minério de areias siliciosas e argilas especiais que consideram ser um "atentado ambiental e de saúde pública".

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© Carlos Costa/NurPhoto via Getty Images

Lusa
29/04/2025 20:11 ‧ há 3 horas por Lusa

País

Meco

A vigília acontecerá às 19h00, junto à sede da Associação do Centro Cultural e Desportivo do Meco, para onde a empresa "Aldeia S.A" marcou uma sessão de esclarecimento à população.

 

Carolina Monteiro, moradora da aldeia, explicou à agência Lusa que, depois de ter tentado noutros pontos da Região Centro (como Soure e Vila Verde), a empresa "Aldeia S.A." pretende agora fazer a exploração numa área que abrange as aldeias de Meco, Vale Canosa e Amieiro.

"Isto vai muito para além da aldeia do Meco. Estamos a falar de uma área de mais de 136 hectares, com licença para exploração de poços a 30 metros de profundidade, nos quais existem muitos lençóis de água", alertou.

A moradora exemplificou que "esses lençóis de água vão abastecer os Olhos da Fervença, que é o sítio de onde sai a água potável para o concelho de Cantanhede inteiro".

Segundo Carolina Monteiro, a população ficou surpreendida quando, no dia 23, a Junta de Freguesia de Arazede assinou um edital a convocar para uma sessão de esclarecimento.

"Quando há uma sessão de esclarecimento à população é porque o processo já vem de cima e mais avançado. Estamos a falar de uma fase em que a empresa já vem com pareceres positivos", afirmou.

Por outro lado, acrescentou, a Associação do Centro Cultural e Desportivo do Meco "não é da Junta de Freguesia, nem é da Câmara Municipal, é das pessoas da aldeia e não houve qualquer tipo de pedido para usar o espaço".

"O 'modus operandi' desta empresa é: mal eles entram na sala, começam a gravar e a partir do momento em que começam a falar consideram que a sessão de esclarecimento aconteceu. Não interessa o que a população pensa, não interessa se houve esclarecimento, interessa que eles têm uma prova em como esse esclarecimento supostamente aconteceu", criticou.

Carolina Monteiro contou que "muito em cima do joelho e à base do pânico", os habitantes começaram a "tentar organizar-se, enquanto comunidade, de alguma forma".

"Não tivemos tempo para criar uma comissão. Não tivemos tempo absolutamente para nada, nem para tentar recolher assinaturas ou para fazer um parecer negativo", afirmou.

A solução passou por fazer a vigília, que contará com a presença de personalidades ligadas às áreas da política e da música. Está prevista a presença da coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.

O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, disse à agência Lusa que a autarquia "só é ouvida para saber se, em termos de PDM (Plano Diretor Municipal), é possível a prospeção".

"O nosso PDM não impedia, portanto, a posição da Câmara é técnica. Mas, do ponto de vista político, o presidente, todo o executivo, todos os membros da Assembleia, por unanimidade, são contra a exploração", assegurou.

Emílio Torrão explicou que a prospeção "é um processo que é decidido pelo Governo" e que a autarquia não consegue controlar, mas que, enquanto presidente da Câmara, estará "radicalmente contra" a exploração e tudo fará para a impedir.

Leia Também: RDCongo confirma que propôs aos EUA exploração que Qatar também quer

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