A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou, esta terça-feira, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem uma "grande resiliência" e que dá "uma resposta muito eficaz e muito eficiente a todos os desafios", referindo-se à falha energética vivida no país, no dia de ontem.
"Relativamente à questão do apagão que ontem vivemos, tivemos a oportunidade de falar com o senhor presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde(ULS) Almada-Seixal sobre aquilo que se passou no ecossistema. Ele melhor do que eu poderá retirar-vos todas as dúvidas que tenham", disse Ana Paula Martins aos jornalistas, durante a sua visita ao Hospital Garcia de Orta.
E continuou: "Mas o que vos posso dizer, é que correu tudo muitíssimo bem. Sem constrangimentos. E isso quer dizer o quê? Quer dizer aquilo que, nós às vezes não falamos, mas é que é muito importante recordar que o SNS tem uma grande resiliência e dá uma resposta muito eficaz e muito eficiente a todos os desafios e, neste caso, inédito, incerto, inesperado e, de facto, o SNS deu uma resposta muitíssimo eficaz".
A ministra da Saúde salientou ainda que "não houve notícias sobre hospitais e centros de saúde", reconhecendo o trabalhos dos profissionais de saúde e de todos os envolvidos.
Questionada sobre os geradores do Hospital de Santa Maria só aguentarem cerca de 48 horas e o facto de não haver reservas de combustível para os mesmos, Ana Paula Martins notou que há "uma série de áreas" que vão ter o foco do Governo "nas próximas semanas".
"A questão dos geradores que foi, de imediato, a nossa preocupação, perceber qual era a autonomia que os nossos hospitais tinham e deixem-me dizer que essa autonomia varia muito [...]. Essa, claramente, é uma das áreas onde nós agora temos que trabalhar com os hospitais para garantir um reforço em termos de autonomia", disse.
A ministra referiu ainda que estão "a trabalhar a fundo" num plano, desde ontem, uma vez que foram reconhecidas "as necessidades perante uma situação como esta" e que "há lições que têm de ser aprendidas de imediato". No entanto, não adiantou muitos pormenores acerca deste plano.
Já sobre o facto do INEM ter estado sem comunicações durante cerca de 20 minutos, Ana Paula Martins sublinhou que a informação que têm é a mesma que veio a público e que tem sido noticiada, tendo frisado que, apesar da falha, não houve "nenhum caso em que tenha ficado um cidadão sem socorro".
A ministra afirmou que "todas as chamadas que por alguma razão não foram atendidas de imediato, foram depois contactadas as pessoas a 100%. Não ficou nenhuma pessoa por contactar e por socorrer".
Perguntada sobre se o país está preparado para uma catástrofe, depois de relatos em que bombeiros estiveram também sem comunicação durante várias horas, a ministra não quis responder, dizendo que "dentro do Governo" há "ministros" e "áreas setoriais que vão dar essa resposta em tempo útil".
"Na área da saúde houve duas lições muito importantes que nós levamos com muita seriedade: a primeira tem a ver com a capacidade de autonomia em termos de geradores e a segunda tem que ver com a questão das comunicações", notou.
E reiterou: "As coisas correram bem, não ficou nenhum cidadão sem ser atendido, ativaram-se os planos de contingência em todas ULS e IPO. O que significa que [...] o serviço de saúde funcionou. Não houve ninguém que tenha ficado sem os medicamentos que precisava, não houve nenhum hospital que tivesse fechado portas. Ontem, não houve nenhuma urgência deste país que estivesse encerrada. Eu acho que isto diz tudo".
Sobre as várias consultas e cirurgias adiadas, Ana Paula Martins referiu que, "no nível de contingência", por questões de segurança, foi necessário esse adiamento.
"A Direção Executiva do SNS está a fazer agora esse levantamento para depois também termos os dados do que necessitou de ser adiado, mas foi por uma questão de segurança [...]. Aliás, seria uma falta de senso da nossa parte, seria até uma irresponsabilidade que não o tivéssemos feito".
[Notícia atualizada às 18h20]
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