"Não tivesse sido tão grave e podíamos dizer que foi preciso um apagão para que se fizesse luz sobre aquilo que andamos a dizer há anos", começou por dizer Paulo Raimundo durante o discurso num jantar da CDU (PCP e Partido Ecologista "Os Verdes"), no Clube Desportivo Moitense, na Marinha Grande.
O líder comunista referia-se ao corte generalizado no abastecimento elétrico que afetou a Península Ibérica na segunda-feira durante várias horas, e que Paulo Raimundo diz ter "trazido à luz", por um lado, as fragilidades da segurança e soberania energética nacionais.
"Foram submetidas à lógica do mercado e do lucro máximo dos grandes grupos económicos privados que hoje dominam o setor da energia", afirmou.
Reconhecendo que o setor público não poderia ter evitado o apagão, o secretário-geral do PCP defendeu que a segurança e soberania elétrica do país são "um bem demasiado preciso para estar nas mãos dos interesses privados".
A mesma lógica que aplica para defender a nacionalização da produção, comercialização e distribuição de energia transpõe igualmente quando refere os problemas registados nas comunicações naquele dia, em que a rede SIRESP falhou.
"As comunicações não podem falhar. O Estado não pode estar nas mãos das operadoras privadas, tem que ter a sua operadora, a sua redundância de comunicações para que nada disto volte a acontecer", insistiu.
Por outro lado, Paulo Raimundo manifestou-se também preocupado com a criação de uma equipa "de trabalho técnica e multissetorial" para "a substituição urgente" da rede SIRESP, na sequência do apagão.
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