"Trocava o meu irmão para fazer dupla com o Cristiano Ronaldo, mas..."

Em entrevista exclusiva concedida ao Desporto ao Minuto, Miguel e Nuno Deus, os primeiros jogadores de padel portugueses a integrar a lista dos 50 melhores do mundo, destacam a importância da parceria estabelecida com o Sporting e recordam como foi conhecer Cristiano Ronaldo. Os irmãos apontam ainda ao sonho de participarem nuns Jogos Olímpicos.

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© Reprodução Instagram/Miguel Deus

Rodrigo Querido
13/05/2025 07:32 ‧ há 2 horas por Rodrigo Querido

Desporto

Exclusivo

A crescer a olhos vistos no padel a nível mundial, Miguel e Nuno Deus foram também eles campeões nacionais de padel em 2023. Alcançado que está o top50 no mundo, a dupla de irmãos já faz contas ao que tem pela frente ainda dentro do ano de 2025.

 

Ao longo destes oito anos de parceria, que se estende aos laços familiares, Miguel e Nuno Deus já somaram muitas viagens, uma delas à Arábia Saudita onde puderam não só conhecer o internacional português Cristiano Ronaldo, como também jogar partidas de padel com o jogador de futebol do Al Nassr.

Em entrevista exclusiva concedida ao Desporto ao Minuto, os primeiros jogadores de padel portugueses a integrar a lista dos 50 melhores do mundo falaram ainda da parceria que estabeleceram com o Sporting, ressalvando a importância da mesma para a projeção da marca, e não esconderam o sonho de participar nos Jogos Olímpicos quando esta modalidade se tornar olímpica.

Acho que há de surgir ganhar um título em Portugal este ano, espero que ainda aconteça

Recentemente perderam o torneio em Leiria. É duro perder, ainda por mais em casa e com o apoio do público português…

ND - Nós gostamos sempre de ganhar, sobretudo em casa. Teria um sabor especial. Mas nesse torneio acho que eles foram bem melhores que nós na final, tiveram mérito e jogaram muito bem esse jogo. Apesar de custar perder esse jogo, não custou assim tanto porque eles tiveram mesmo muito mérito. Este ano foi o segundo torneio que jogámos em Portugal em que fomos à final e que perdemos na final. Não stresso muito com isso. Foram boas vitórias, o percurso está a ser bom. Acho que há de surgir ganhar um título em Portugal este ano, espero que ainda aconteça.

Mas é uma pena dado o ambiente que estava naquele estádio, o povo português sempre a apoiar e com um ambiente inacreditável que ajuda mesmo. Aliás, o jogo não estava a correr tão bem e o apoio ainda fez com que o jogo mudasse um bocadinho, ainda acreditámos um bocadinho que podíamos ir a um terceiro set naquele jogo e virar, mas não deu. Mas é sempre bom jogar em casa.

MD - Acho que foi, talvez, a primeira vez em que sentimos mesmo que o público nos ajudou. Nós estávamos a perder 6-3/4-1, praticamente sem soluções, os adversários muito mais fortes que nós. O público levantou-nos realmente naquele momento. Nem subimos muito o nosso nível, mas houve ali pontos chave em que o público nos galvanizou bastante e nos permitiu equilibrar o jogo. Ainda empatámos, mas eles foram melhores e ganharam. Mas acho que o público realmente fez muita diferença nesse jogo.

E o que aprenderam nessa situação?

MD - As derrotas permitem-nos informar o treino. Nós pensamos muito no treino. Não nos focamos muito nos resultados, focamos mais no nosso nível, na nossa performance. Temos muitas coisas para melhorar. Isto parece cliché, mas aprendemos muito mais nas derrotas do que nas vitórias. Eu sou, entre aspas, um psicopata em ver os nossos jogos. Vejo muito os jogos em que perdemos. Quando se perde, ficamos sempre a pensar o que é que poderíamos ter melhorado, o que é que poderíamos ter feito melhor, o que é que eles fizeram para nos ganhar. Isso tudo são detalhes que informam o treino. Juntamente com os nosso treinadores, nós falamos e preparamos as próximas semanas para ajustar em alguns detalhes. Não digo com isto que quero perder todas as semanas para saber as coisas para melhorar.


Vão entretanto juntar se à seleção nacional de absolutos. É uma experiência diferente dos torneios em que vão apenas os dois?

MD - É um bocadinho diferente. Acabamos por jogar em dupla também, mas pela seleção. Os jogos de seleção são sempre à melhor de três encontros. Podemos jogar juntos ou não, depende da decisão do selecionador. Mas jogar por Portugal é totalmente diferente. É uma sensação única, um orgulho enorme vestir a camisola da seleção. Este ano temos Campeonato da Europa, é um objetivo grande que temos de melhorar. Ficámos em terceiro lugar no ano passado e acho que podemos aspirar à tal final com a Espanha. Depois disso logo se vê o que é que podemos fazer, mas queremos tentar conquistar essa medalha de prata no Campeonato da Europa.

Quando estamos fora, a maior dificuldade é mesmo essa questão dos treinos porque treinamos menos

O mês de maio tem muitas viagens previstas para vocês. Paraguai, Argentina... Como fazem essa preparação? 

ND - É só mais um mês de nossas vidas, um mês igual a muitos outros. Acabamos por ter sempre dois a quatro torneios por mês e que duram uma semana. Nos torneios em Portugal é um bocadinho mais fácil a gestão de viagens, dos treinos e de todo o esforço. Ir ao Paraguai e Argentina já implica aqui uma logística um bocadinho diferente. Há mais viagens, passamos duas semanas fora, do início ao fim do torneio, correndo mal ou bem.

Aqui a questão mais chata para o nosso treinador é o planeamento dos treinos, garantir que estaremos na melhor forma possível. Quando estamos fora, a maior dificuldade é mesmo essa questão dos treinos porque treinamos menos. Quando formos para o Paraguai exige já quase um dia e meio de viagem, depois há os treinos que muda um pouco. Mas acho que já estamos habituados, já temos algumas estratégias para aguentar estas semanas fora. Depois o mês de junho há de ser igual, o de julho há de ser muito parecido.

Um dos países que vocês visitaram recentemente foi a Arábia Saudita, onde se cruzaram com uma pessoa especial. Cristiano Ronaldo tem futuro no padel?

ND - Eu acho que tem. Ele gosta muito de padel e não joga nada mal. Quando um dia deixar de jogar, e não sei quando vai deixar de jogar futebol, acredito que vai passar muitas horas no campo de padel. Não sei se vai jogar torneios, acho que também não os pode jogar. Felizmente já tivemos oportunidade de jogar com ele e foi especial.

MD - Jogámos em outubro do ano passado e agora jogámos em fevereiro. Quatro meses depois, notámos uma diferença no nível dele, portanto, ele andou a treinar.

E não se importavam de formar dupla com ele no futuro?

ND - Nas duas vezes que jogámos contra ele fiz equipa com ele e correu bem.

E trocava o Miguel pelo Cristiano num torneio?

ND - Se fosse só para um torneio se calhar não me importava. Em muitos torneios, era capaz de não chegar tão longe como chego com o meu irmão. Mas se calhar podia ser uma estratégia boa para os adversários ficarem nervosos, não sei. Podiam ceder à pressão de estar a vê-lo.

E como é serem patrocinados por uma empresa ligada ao Cristiano Ronaldo?

ND - Felizmente um dos nossos patrocinadores é a Ava, que é uma marca do Cristiano, uma empresa dele ligada à recuperação. Estamos muito contentes com os produtos que temos usado. Só isso já é ótimo. Se voltarmos à Arábia Saudita, ter a hipótese de poder privar com ele outra vez é excecional.

MD - E saber também que ele assistiu a jogos nossos… Na Arábia ele assistiu a três jogos nossos. Isso para nós é um orgulho enorme. Sentir que o nosso maior ídolo do desporto, e da vida também, esteve ali a assistir, a vibrar com pontos nossos, a aplaudir, a apoiar-nos. Saber que ele nos patrocina claro que é muito bom, mas saber que ele nos apoia, que vê os nossos jogos e que vibra connosco, é muito gratificante. Ele é mesmo aficionado, vê em casa. Isso é excecional. Há um ano estaríamos aqui e nem sonhava algum dia que o Cristiano era Cristiano. E hoje em dia parece que é mais normal já ter estado com ele e ter privado com ele. É assim um sonho.

O facto de serem patrocinados pelo Sporting abriu outras portas?

ND - Foi a visibilidade. Representar o nosso clube do coração, que não o escondemos, é excecional. Deu credibilidade também ao desporto.

MD - Sabendo que o Sporting, uma instituição tão grande a nível do desporto mundial, tem o padel nos seus quadros dá uma credibilidade diferente ao desporto. Todas as pessoas já reconhecem o padel não como um desporto da moda, mas que veio para ficar e que veio mesmo para conquistar os corações de toda a malta. O Sporting apoiar-nos abre portas para empresas, para patrocinadores, para quem sabe no futuro um Benfica, um FC Porto também terem padel. E talvez para um campeonato nacional de clubes. Acho que faz todo o sentido porque o padel tem tantos fãs e é um desporto que realmente está a crescer nesse sentido.

Para vocês, que são as principais referências a nível do padel?

MD - Eu sou jogador de direita, portanto olho mais para os jogadores de direita. Gosto muito da forma como o Juan Lebron joga. Era número 1 do mundo há cerca de 2 anos, agora está mais abaixo. É o jogador que tento mais copiar ou imitar. É também o jogador com quem tento mais aprender. Gosto muito do Agustín Tapia, mas é um jogador que joga à esquerda. É uma posição diferente da minha e não consigo fazer esse transfer para o meu jogo. Mas sim, a minha referência é mais o Juan Lebron.

ND - Estes jogadores de que estamos a falar, e tenho dito isto ao Miguel e a mais gente, são referências na mesma, mas passaram a ser alvos a bater. São adversários. Antes olhava para eles como uma referência, um ídolo quase, e agora já olho para eles como pessoas a quem quero ganhar um dia. Mas, sim, conseguimos continuar a ver coisas que queremos aprender. Não imitar, mas perceber como é que eles fazem para tentar fazer igual também e melhorar o nosso jogo. O Agustín Tapia é, indiscutivelmente, o melhor jogador do mundo. Há muita coisa que eu vejo nele, mas também tenho noção de que o tipo de jogo que ele faz que não serve para mim, não é bem o que eu consigo fazer. Apesar de ser um jogador de direita, o Arturo Coello tem muitas coisas que fazem mais sentido para mim, pelo estilo de jogo, pela altura. Acho que há sempre coisinhas a tirar de todos os jogadores, taticamente e tecnicamente.

Não sei se vamos estar em boas condições físicas nessa altura, mas poder terminar a carreira e dizer que fui a uns Jogos Olímpicos é o ponto alto

O padel ainda não é um desporto olímpico, mas imaginavam-se a entrar num estádio com as cores na nossa seleção e representá-la nuns Jogos Olímpicos?

ND - É o nosso maior sonho. Vivemos o desporto desde sempre. Tenho 30 anos e começámos no desporto muito cedo com os nosso pais. Esse bichinho esteve sempre presente. Sempre acompanhámos os Jogos Olímpicos, todos os desportos e mais alguns. Para qualquer desportista, o sonho de jogar Jogos Olímpicos é o ponto alto da carreira. Pelo ténis não chegámos nem perto [risos], mas gostava muito que isso pudesse acontecer pelo padel. Infelizmente, o padel ainda não é um desporto olímpico. Ainda estão a trabalhar para isso e vão ter de lutar bastante. Em 2028 já não deve dar, é praticamente impossível. Mas fala-se da possibilidade de aparecer em Brisbane, na Austrália, em 2032. Temos de nos aguentar mais sete anos. Não sei se vamos estar em boas condições físicas nessa altura, mas poder terminar a carreira e dizer que fui a uns Jogos Olímpicos é o ponto alto.

E que planos têm para depois da carreira?

ND - Desde miúdos que sempre tivemos o sonho de ter a nossa academia, eventualmente em dupla. Quando éramos miúdos queríamos ter um clube de ténis e hoje a ideia é ter uma academia mais virada para o padel ou até virado para os dois. É indiscutível que o nosso futuro vai estar ligado ao desporto. Não vou estar a trabalhar num escritório, duvido muito que isso vá acontecer. Alguma coisa correu muito mal na minha vida para estar a trabalhar num escritório das 9h às 17h. Temos feito muitos contactos no desporto, temos muitos amigos do ténis e do padel. Temos aqui uma boa possibilidade de criar um projeto bonito no futuro.

MD - Queremos deixar o nosso legado. Pessoalmente, a mim inspira-me bastante conseguir motivar jovens, fazer com que eles cresçam e educá-los para que gostem do desporto. Tenho muito esse sonho de ter essa academia com o nosso nome e que possa ajudar os jovens a crescer. Se eles quiserem fazer vida do padel no futuro é ótimo, se não podem fazer vida noutras áreas. Mas o desporto ensina muitas coisas, não só para quem o segue profissionalmente, mas também numa área mais empresarial. Inspirar jovens é o nosso maior foco e, para isso, temos de deixar o nosso legado.

Leia Também: "Desfazer dupla dos irmãos Deus? Essas ideias podiam passar pela cabeça"

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