Em comunicado, Carney adiantou que os dois líderes planeiam encontrar-se pessoalmente num futuro próximo.
Trump, cujas posições em relação a Otava se tornaram assunto central da campanha eleitoral canadiana, não fez qualquer comentário oficial desde que os resultados foram anunciados.
O Partido Liberal liderado por Carney falhou o objetivo de uma maioria absoluta no Parlamento, projetou a televisão pública Canadian Broadcasting Corporation.
Segundo a projeção, os liberais ficarão com 169 lugares no parlamento, pouco aquém dos 172 necessários para uma maioria absoluta na câmara legislativa de 343 lugares.
Os liberais, que derrotaram os conservadores de Pierre Poilievre, poderão formar maioria com o apoio de um dos partidos mais pequenos representados na câmara baixa.
Antes do comunicado de Carney, o Departamento de Estado norte-americano apontou hoje as trocas comerciais, o combate ao tráfico de drogas sintéticas e a influência da China como assuntos prioritários a tratar com o primeiro-ministro eleito canadiano Mark Carney.
"Os Estados Unidos felicitam o primeiro-ministro Mark Carney e o seu partido (Liberal) pela vitória nas recentes eleições federais canadianas", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, em conferência de imprensa.
Bruce observou que a relação entre os Estados Unidos e o Canadá é "uma das mais próximas do mundo".
Por esta razão, manifestou o desejo da administração Donald Trump de "colaborar" com o seu vizinho do norte "em questões-chave como a igualdade comercial, a redução do tráfico de fentanil e o combate à influência do Partido Comunista Chinês" nas Américas.
A porta-voz do Departamento de Estado não fez referência à ideia frequentemente repetida por Trump de que o Canadá deveria ser anexado aos Estados Unidos como o 51º estado do país.
O Presidente dos EUA reiterou esta ideia nas redes sociais na segunda-feira, enquanto decorria a votação, uma interferência na eleição que foi rejeitada tanto por Carney como pelo seu principal rival, o conservador Pierre Poilievre.
A relação bilateral também foi abalada pela imposição unilateral pelos Estados Unidos de tarifas alfandegárias a importações do Canadá, a que este país retaliou.
Carney - que compareceu perante os apoiantes do Partido Liberal em Otava para celebrar a vitória - prometeu governar "com todos os partidos, todos os territórios e com a sociedade civil", acrescentando que tenciona negociar uma nova relação bilateral com o Presidente dos EUA, Donald Trump.
"A nossa antiga relação com os Estados Unidos acabou", porque o Presidente norte-americano Donald Trump "está a tentar destruir-nos para nos controlar", declarou ainda Mark Carney, pedindo que o Canadá se una para os "meses difíceis que se avizinham, que exigirão sacrifícios".
Trump "quer separar-nos, mas isso nunca vai acontecer", proclamou Carney. "Os Estados Unidos querem a nossa terra, os nossos recursos, a nossa água, o nosso país, e estas não são ameaças ocas", acrescentou.
"Estamos perante uma nova realidade; superámos o choque da traição norte-americana. Mas nunca devemos esquecer a lição: precisamos de cuidar de nós e, acima de tudo, de cuidar uns dos outros", disse Carney.
O político anunciou que se sentará para negociar com Trump como fazem "duas nações soberanas", mas acrescentou que o Canadá "tem muitas, muitas outras opções para além dos EUA para alcançar a prosperidade".
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