Numa entrevista ao semanário Journal du Dimanche, François Bayrou estimou essas poupanças em 40 mil milhões de euros, mas admitiu que precisará da "adesão dos franceses".
"Acredito que a questão é suficientemente séria, com consequências de longo alcance para o futuro da nação, para que seja dirigida diretamente aos cidadãos. Por isso, não excluo nenhuma possibilidade. Seria algo sem precedentes", explicou.
"É um plano global aquilo que pretendo apresentar, que exigirá esforços de todos e que, pela sua envergadura, não poderá ter sucesso se o povo francês não o apoiar", acrescentou, sublinhando ainda que apenas o Presidente da República tem o poder de convocar referendos.
A necessidade de cortes resulta da precária situação das contas públicas francesas, já que o défice atingiu os 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.
Com os cortes previstos no orçamento de 2025, espera-se que esse valor desça para 5,4% este ano, mas François Bayrou só conseguiu aprovar esse orçamento graças às concessões feitas aos socialistas e à extrema-direita, uma vez que não dispõe de maioria absoluta numa Assembleia Nacional (parlamento) profundamente dividida.
De facto, o seu antecessor no cargo, Michel Barnier, caiu precisamente devido a uma moção de censura em dezembro, após tentar aprovar sem apoios um orçamento de austeridade não muito diferente.
No longo caminho até aos 3% exigidos por Bruxelas, o ministro da Economia, Éric Lombard, já alertou que, para 2026, a França terá de cortar mais 40 mil milhões de euros na despesa se quiser cumprir a meta de situar o défice nos 4,6%.
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