Biden fez esta declaração numa entrevista à cadeia britânica BBC, que foi hoje divulgada, a primeira desde que deixou a Casa Branca em janeiro, quando passou a Presidência norte-americana ao republicano Donald Trump.
"É um apaziguamento moderno", disse o antigo Presidente democrata, referindo-se à política do antigo primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain, que no final da década de 1930 tentou apaziguar as exigências do líder nazi alemão Adolf Hitler na tentativa de evitar a guerra na Europa.
Biden, em declarações realizadas na segunda-feira à BBC no Delaware, no nordeste dos Estados Unidos, afirmou que Putin acredita que a Ucrânia faz parte da Rússia, acrescentando que "é simplesmente insensato" acreditar que o líder russo irá travar a sua ofensiva mesmo se lhe for concedido territórios.
"Simplesmente não entendo como é que as pessoas pensam que, se permitirmos que um ditador, um agressor, decida tomar porções significativas de território que não lhe pertencem, isso o irá satisfazer. Não entendo isso de todo", disse.
Trump havia declarado que espera que a Rússia mantenha a península da Crimeia, que Moscovo anexou em 2014, e no mês passado acusou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de minar as conversações de paz quando rejeitou a proposta.
Biden manifestou ainda preocupação com a crise nas relações entre Washington e a Europa sob a administração de Trump e criticou o apelo do líder republicano para que o seu país recupere o Canal do Panamá, adquira a Gronelândia e faça do Canadá o 51.º estado norte-americano.
"Que raio se passa aqui? Que Presidente fala assim? Nós não somos assim (...). Defendemos a liberdade, a democracia, a oportunidade, não o confisco", referiu Biden.
O político norte-americano admitiu a sua preocupação de que "a Europa perca a confiança na certeza e na liderança dos Estados Unidos".
Sobre os primeiros 100 dias de Trump no cargo, Biden afirmou que a economia do país estava a crescer sob o Governo democrata.
"Estávamos a caminhar numa direção em que o mercado bolsista estava muito forte. Encontrava-nos numa posição de expandir a nossa influência pelo mundo de forma positiva, aumentando o comércio", sublinhou.
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