Arquivo preserva protestos pró-democracia em Hong Kong à espera de justiça

Um novo arquivo quer preservar a memória dos protestos pró-democracia de 2019 em Hong Kong, na esperança de que no futuro os responsáveis por violações dos direitos humanos sejam responsabilizados, disse à Lusa um porta-voz.

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Lusa
10/05/2025 08:17 ‧ há 5 horas por Lusa

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Hong Kong

O Hong Kong Accountability Archive (HKAA) foi lançado em 10 de abril, com um portal na Internet que reúne vídeos de 2.550 incidentes entre maio de 2019 e setembro de 2021, desde casos de violência policial a atos de vandalismo por parte dos manifestantes.

 

Um porta-voz do HKAA disse que o principal objetivo é ser "um repositório seguro e sustentável de provas", para que todos "possam tirar as suas próprias conclusões (...) e garantir que as gerações futuras têm acesso a estes materiais".

Desde a imposição das leis de segurança nacional em Hong Kong, muitos meios de comunicação independentes e das organizações da sociedade civil foram encerrados e os seus recursos "perdidos ou removidos do domínio público", lamentou o porta-voz.

"Com o tempo, é provável que cada vez mais conteúdo seja removido pelas próprias pessoas devido a preocupações com repercussões legais", alertou o arquivo.

Antes que isso aconteça, o arquivo reuniu conteúdo vindo da comunicação social, de grupos de defesa dos direitos humanos, "repórteres-cidadãos" e ativistas locais, através do trabalho de uma equipa de académicos, ativistas e jornalistas.

"Estamos cientes de que alguns podem não concordar com este processo e podem tomar medidas que visem prejudicar os envolvidos. Para proteger a nossa equipa e as suas famílias de ataques maliciosos, tomámos a precaução de permanecer anónimos", explicou o porta-voz.

Além disso, o HKAA está alojado "de forma a mitigar ataques cibernéticos maliciosos e pedidos legais de remoção", sublinhou o porta-voz.

O arquivo defendeu ser preciso recordar que as manifestações de 2019 "tiveram um amplo apoio entre o povo de Hong Kong e um número significativo exerceu o seu direito de protestar pacificamente", ao que a polícia respondeu com "uso excessivo da força".

A polícia de Hong Kong está sob a tutela do secretário para a Segurança, cargo que em 2019 era ocupado pelo atual líder do Governo do território, John Lee Ka-chiu.

O principal objectivo do HKAA é que "aqueles que violaram o direito de reunião pacífica (...) sejam responsabilizados e que seja realizada uma investigação independente completa sobre o policiamento dos protestos", referiu o porta-voz.

Algo que estaria "firmemente no âmbito das obrigações do governo da RAE [Região Administrativa Especial] de Hong Kong ao abrigo do PIDCP", o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, sublinhou o arquivo.

Uma investigação independente "é essencial para garantir que tais eventos não aconteçam no futuro" e também para melhorar "o policiamento de multidões (...) e a forma como o governo reage às aspirações e aos direitos humanos do povo de Hong Kong", defendeu o HKAA.

Ainda assim, o porta-voz admitiu que "a oportunidade para [fazer] justiça pode demorar anos ou até décadas". "No entanto sabemos que são muitos os exemplos internacionais em que, anos depois de tais acontecimentos, a justiça foi finalmente feita", acrescentou.

Leia Também: Parlamento de Hong Kong aprova moção a pedir unidade contra tarifas

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