O Hezbollah sustentou, em comunicado, que os ataques da aviação norte-americana na última madrugada constituem uma violação do direito internacional, da Carta da ONU e das Convenções de Genebra, que "proíbem ataques a instalações nucleares".
Trata-se de "uma escalada absurda com consequências imprevisíveis", alertou o grupo libanês, que pode arrastar a região e o mundo inteiro para uma "espiral desconhecida", a menos que haja "ação internacional de dissuasão".
Os EUA ordenaram hoje a retirada de famílias e funcionários não essenciais da sua embaixada em Beirute, "devido ao clima volátil e imprevisível na região", segundo um comunicado da sua representação na capital libanesa.
Washington mantém também um alerta oficial desaconselhando todas as viagens para o Líbano.
Para o Hezbollah, o Presidente norte-americano, Donald Trump, é "uma desilusão" por "querer impor a sua hegemonia atacando instalações nucleares pacíficas para forçar os Estados independentes a se submeterem" à sua vontade.
Os bombardeamentos norte-americanos, referiu o grupo libanês, procuram "compensar o fracasso de Israel nos seus ataques" contra o Irão, iniciados em 13 de junho, com a justificação da criação iminente de uma arma nuclear, o que é refutado por Teerão.
Além disso, o Hezbollah argumenta que Israel "não conseguiu impedir a resposta do Irão com mísseis de precisão" sobre território israelita.
O grupo armado xiita, que esteve em guerra aberta com Israel ao longo de 2024, disse também que os bombardeamentos norte-americanos confirmam "o alinhamento total entre os Estados Unidos e a entidade sionista [Israel] em todos os crimes contra a região, de Gaza ao Líbano e da Síria ao Iémen".
O Hezbollah salientou o "direito absoluto do Irão de responder e defender o seu território, o seu povo e a sua soberania" perante uma ofensiva que "apenas aumenta a determinação do povo iraniano em resistir e alcançar a vitória".
Esta declaração está em linha com a reação de outro aliado do Irão, o grupo islamita palestiniano Hamas, que condenou igualmente os bombardeamentos norte-americanos, observando que serviam "cegamente a agenda da ocupação sionista".
As operações israelitas no Irão na passada semana, seguidas dos bombardeamentos norte-americanos na última madrugada, são o mais recente foco de conflito no Médio Oriente, desencadeado pelos ataques do Hamas contra Israel em 07 de outubro de 2023.
Em resposta, Israel lançou uma vasta operação militar na Faixa de Gaza, que continua em curso, ao mesmo tempo que respondeu a ataques do chamado "eixo da resistência" constituído pelos aliados do Irão na região, que incluem o Hezbollah, o Hamas e os rebeldes iemenitas Huthis.
Após sucessivos ataques cruzados ao longo da fronteira israelo-libanesa desde os ataques de 07 de outubro, Israel lançou em setembro do ano passado intensos ataques aéreos contra os redutos do Hezbollah no Líbano, decapitando a sua liderança e reduzindo as suas capacidades militares.
Um acordo de cessar-fogo foi alcançado em novembro, mas Israel continua a executar operações no Líbano e conserva posições militares no sul do país.
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